Brasília, 6 de agosto de 2025 — O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), reabriu a sessão legislativa na noite desta quarta-feira (6), após mais de duas horas de negociação com parlamentares bolsonaristas que ocupavam o plenário Ulysses Guimarães, em Brasília, desde a noite anterior. A ocupação era parte de um protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Desde terça-feira (5), deputados da oposição radical se revezavam em uma ocupação simbólica das Mesas Diretoras da Câmara e do Senado, em uma tentativa de paralisar os trabalhos do Legislativo e forçar a votação de um projeto de anistia a aliados golpistas de Bolsonaro.
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Pressão, polícia e tensão institucional
Hugo Motta convocou a sessão para as 20h30, mas não conseguiu assumir a Presidência da Casa até as 22h45, devido à presença de deputados oposicionistas sobre a mesa. Para retomar o controle do plenário, o presidente ameaçou aplicar suspensões de mandato por até seis meses a quem tentasse impedir os trabalhos, e autorizou o uso da Polícia Legislativa, se necessário.
“Se algum deputado insistir em atrapalhar os trabalhos, será suspenso do mandato e retirado pelos policiais”, disse Motta, em tom firme.
Apesar da ameaça, a retirada forçada foi evitada após negociações com líderes de partidos como PL, PP e União Brasil, que têm parte de suas bancadas envolvidas no bloqueio. Agentes da Polícia Legislativa foram posicionados na entrada do plenário durante toda a noite.
Parlamentares com filhos no protesto
Durante a ocupação, a deputada Julia Zanatta (PL-SC) chamou atenção ao levar sua filha de quatro meses para o ato. Em publicação nas redes sociais, ela apareceu sentada na cadeira de Hugo Motta e ironizou:
“Ahhhh quantas coisas poderíamos fazer se o titular dessa cadeira tivesse coragem”.
Outras parlamentares, como Carol de Toni (PL-SC), também levaram suas filhas ao protesto, numa estratégia para humanizar a ocupação e gerar impacto visual nas redes sociais.
Sem anistia, diz Presidência
Fontes próximas à Presidência da Câmara afirmaram que não haverá negociação com os oposicionistas quanto à pauta da anistia, considerada inconstitucional e inaceitável pelo governo federal e por parte significativa da bancada do centro político.
A retomada da sessão legislativa, ainda que tardia, foi classificada por líderes do PT e da base aliada como uma vitória contra o que chamaram de “sequestro simbólico do Parlamento”.
O motim bolsonarista, no entanto, evidenciou as fissuras internas da Câmara, que terá de lidar nos próximos dias com pedidos de responsabilização ética e parlamentar dos envolvidos.
Entenda o caso
Por que os deputados bolsonaristas ocuparam o plenário?
O protesto responde à prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, determinada por Moraes após indícios de participação indireta do ex-presidente em atos antidemocráticos.
Quem participou da ocupação?
Deputados do PL, com apoio parcial de PP e União Brasil. Algumas parlamentares levaram filhos para simbolizar “resistência pacífica”.
O que disse a Presidência da Câmara?
Hugo Motta condenou a obstrução e afirmou que não tolerará novas tentativas de impedir os trabalhos legislativos.
A pauta da anistia será votada?
Segundo líderes governistas, não há qualquer intenção de pautar projetos de anistia ligados aos réus dos atos golpistas.
Fechamento crítico
A ocupação do Congresso por parlamentares ligados a Jair Bolsonaro revela a disposição da oposição bolsonarista em tensionar a institucionalidade até os limites do regimento. A reabertura da Câmara, mesmo que tardia, marca um revés simbólico para os organizadores do bloqueio. A crise, no entanto, segue aberta, com novas sessões previstas sob monitoramento da Polícia Legislativa e ameaças de ações disciplinares no Conselho de Ética.

			
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		
                               
                             
		
		
		
		
		
		
		
		