Assessor de Braga Netto acusa irmão de Michelle Bolsonaro de tráfico… de influência

Coronel Flávio Peregrino expõe lobby e uso de nomes de Bolsonaro para angariar recursos e influência no PL, revelado pela Polícia Federal.

JR Vital
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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e seu irmão, Eduardo Torres. Foto: Reprodução

Rio de Janeiro, 12 de agosto de 2025 – Mensagens obtidas pela Polícia Federal revelam que o coronel Flávio Peregrino, assessor direto do general Walter Braga Netto, denunciou um esquema de tráfico de influência protagonizado por Eduardo Torres, irmão da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Segundo as conversas, Torres usava os nomes da ex-primeira-dama e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para obter recursos e apoio político em São Paulo, o que causou irritação no próprio Braga Netto e em Luiz Antônio Nabhan Garcia, ex-secretário de Assuntos Fundiários.

Lobby obscuro com nome de figuras públicas

Em diálogos de junho de 2024, Peregrino descreveu Eduardo Torres como “Zé Bombinha”, ironizando sua atuação como fotógrafo e cinegrafista, mas ressaltando que ele “vende que tem poder de influência”. Braga Netto e Nabhan, segundo o assessor, estavam “putos” com o uso indevido dos nomes do ex-presidente e da ex-primeira-dama para obter dinheiro e apoio político. Torres, sem cargo oficial no PL, atuava como lobista informal, interferindo em agendas e viagens da alta cúpula.

Mensagens do coronel Flávio Peregrino, assessor do general Walter Braga Netto. Foto: Reprodução
Mensagens do coronel Flávio Peregrino, assessor do general Walter Braga Netto. Foto: Reprodução

Estratégia para desviar crises internas

Peregrino revelou ainda ter sido usado por Braga Netto para desviar a atenção de uma crise pessoal, um episódio que chegou ao conhecimento da própria Michelle Bolsonaro. A Polícia Federal investiga Braga Netto no inquérito que apura a tentativa de golpe, e Peregrino é apontado como interlocutor-chave na articulação entre investigados, coordenando defesas e estratégias políticas.

Pressão interna e jogo de poder no PL

As mensagens expõem ainda que Braga Netto tentava manter seu espaço no partido e influência política, buscando apoio junto a aliados importantes como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e a própria Michelle. Peregrino anotou contatos com líderes do PL, como Valdemar Costa Neto, além de Flávio Bolsonaro e outros nomes da campanha eleitoral, para reforçar sua base política e conservar o cargo de secretário de Relações Institucionais.

Queda e afastamento após prisão

Mesmo com essa rede de influências, Braga Netto e seu assessor foram afastados do PL após a prisão do general, em dezembro de 2024. O coronel também criticou o ex-presidente Bolsonaro por tentar se eximir da responsabilidade nas ações relacionadas ao golpe frustrado, apontando que Bolsonaro jogava a culpa em vários aliados.

Entenda o caso

  • Quem é Eduardo Torres? Irmão da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, atua como fotógrafo e cinegrafista, mas também faz lobby político sem cargo formal.
  • Qual a denúncia principal? Uso dos nomes de Michelle Bolsonaro e Jair Bolsonaro para angariar dinheiro e influência política.
  • Quem está investigado? O general Walter Braga Netto, por seu papel na articulação da tentativa de golpe, com seu assessor Flávio Peregrino como braço direito.
  • Qual o impacto político? Mostra divisão e disputa de poder dentro do PL e a persistência do bolsonarismo em esquemas ilícitos.
  • O que mudou após a prisão? Braga Netto e Peregrino foram afastados do PL, mas as investigações continuam.
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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.