O voto da ministra Cármen Lúcia, na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), começou nesta quinta-feira (11) com bom humor e uma provocação ao colega Luiz Fux, que na véspera havia falado por cerca de 14 horas para absolver o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no julgamento da trama golpista.
Logo no início de sua manifestação, a decana concedeu um aparte ao ministro Flávio Dino, mas não perdeu a chance de cutucar o longo discurso do colega:
— “Desde que rápido”, brincou, arrancando risos no plenário.
Na sequência, em tom de leveza, completou:
— “Mas eu concedo, como sempre, pois está no regimento do Supremo e o debate faz parte dos julgamentos. Tenho o maior gosto de ouvir, eu sou da prosa”.
Dino e a “técnica de banco de horas”
Dino agradeceu a gentileza e explicou por que seu voto foi mais curto em comparação com os demais:
— “Eu tenho uma técnica de banco de horas, pois faço o voto curto para fazer muitos à partes”.
Cármen ainda tranquilizou quem teme novas longas sessões:
— “Eu escrevi 396 páginas, presidente. Mas eu não vou ler, vou ler um resumo”.
A fala provocou nova rodada de risadas no tribunal.
Placar no julgamento
Até o momento, já votaram os ministros Alexandre de Moraes (relator), Flávio Dino e Luiz Fux. O placar é de 2 a 1 contra Bolsonaro.
- Moraes votou pela condenação de todos os réus.
- Dino acompanhou integralmente o relator.
- Fux divergiu, absolvendo Bolsonaro e cinco aliados, mas reconhecendo a culpa de Mauro Cid e do general Walter Braga Netto por tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito.
Com o voto de Cármen Lúcia, a turma pode formar maioria pela condenação do ex-presidente e de outros sete acusados. O último a se manifestar será o ministro Cristiano Zanin, presidente do colegiado