Rio de Janeiro, 3 de setembro de 2025. Durante o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), as defesas dos generais Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira realizaram uma manobra para isentar seus clientes da responsabilidade na trama golpista. Os advogados transferiram a culpa pelo plano para o ex-presidente Jair Bolsonaro, apontado como o líder da articulação que visava anular o resultado da eleição de 2022. O movimento expõe a fragmentação na elite militar e política que apoiou a tentativa de golpe. A defesas abandonam bolsonaro ao admitir a conspiração.
O abandono da tropa e a tese de isolamento
O advogado de Augusto Heleno, Matheus Milanez, argumentou que o general se afastou de Bolsonaro com a entrada do Centrão no governo. Milanez citou a defesa de Heleno pela vacinação do ex-presidente, algo que contrariou o discurso oficial do governo. O defensor ainda reforçou que Heleno perdeu influência após a filiação do ex-presidente ao PL. A defesa tenta construir a tese de que Augusto Heleno não estaria mais na cúpula de decisão quando os planos golpistas se intensificaram.
A estratégia de delação e a confissão de golpe
O advogado de Paulo Sérgio Nogueira, Andrew Farias, aprofundou o rompimento ao confessar que Bolsonaro planejava um golpe. Farias alegou que seu cliente agiu para “demover” o ex-presidente de qualquer “medida de exceção”. A defesa de Paulo Sérgio Nogueira tenta provar que o general agiu contra a trama, em uma manobra para atenuar sua pena. A confissão de Farias, que validou a existência do plano de golpe, enfraquece a defesa do próprio Jair Bolsonaro, que nega a existência de qualquer articulação.
O contra-ataque da defesa de Bolsonaro
A defesa de Jair Bolsonaro, a cargo de Celso Vilardi, contra-atacou. O advogado negou o envolvimento do ex-presidente. Ele afirmou que “não há uma única prova” que o conecte aos documentos golpistas, incluindo o plano Punhal Verde e Amarelo. Vilardi alegou que o ex-presidente foi “dragado” aos eventos de 8 de janeiro e criticou a delação de Mauro Cid. No entanto, a negativa da defesa de Bolsonaro entra em rota de colisão com a estratégia adotada pelos advogados dos generais, que agora confirmam a existência de uma trama golpista.
A defesa dos generais representa um ponto de inflexão no processo. A estratégia de auto-preservação destrói a narrativa de perseguição política do bolsonarismo e deixa a figura central do esquema isolada e com poucas opções. O racha expõe a realidade brutal de que, quando confrontados pela justiça, os aliados de Jair Bolsonaro não hesitam em trair a lealdade que tanto proclamaram.

			
		
		
		
		
		
		
		
		
                               
                             
		
		
		
		
		
		
		
		