Hipócrita e Desequilibrado

Eduardo Bolsonaro quer sanção dos EUA contra jornalistas da Globo

Deputado articula punições a nomes da Globo, como William Bonner e Natuza Nery, com apoio de aliados do ex-presidente

JR Vital
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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Eduardo Bolsonaro e William Bonner. Foto: Reprodução

Brasília, 22 de julho de 2025 — Eduardo Bolsonaro, deputado federal licenciado, articula um pedido aos Estados Unidos para punir jornalistas da TV Globo, incluindo William Bonner, Natuza Nery e Daniela Lima. A proposta inclui a suspensão de vistos.

Corpo da Reportagem A ofensiva de Eduardo Bolsonaro contra a liberdade de imprensa alcançou mais um patamar de gravidade. O parlamentar do PL, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, estaria articulando nos bastidores um pedido ao governo dos Estados Unidos para aplicar sanções a jornalistas brasileiros, especificamente profissionais do Grupo Globo. Segundo o sociólogo Rodrigo Luís Veloso, que publicou informações em sua conta pessoal no X, Eduardo relatou a colegas do partido sua intenção de envolver autoridades norte-americanas na retaliação à cobertura jornalística que desagrada o bolsonarismo.

Entre os nomes citados estariam William Bonner, âncora do Jornal Nacional; Natuza Nery, comentarista política; e Daniela Lima, apresentadora da GloboNews. O objetivo seria promover o cancelamento de vistos de entrada nos Estados Unidos, num gesto de intimidação simbólica e política contra vozes críticas ao clã Bolsonaro. A tática revela o padrão autoritário com que o bolsonarismo tenta deslegitimar a imprensa profissional, classificando-a como inimiga pública.

Eduardo Bolsonaro, que se encontra fora do Brasil, teria dito a aliados que há “margem legal” para que os Estados Unidos adotem a medida, e que o país poderia se posicionar como “parceiro” em uma suposta cruzada contra o que ele chamou de “braço midiático do sistema”. O linguajar utilizado ecoa a retórica antidemocrática importada da extrema-direita norte-americana, que busca descredibilizar jornalistas e bloquear investigações sobre figuras políticas envolvidas em escândalos ou crimes graves.

A investida acende o alerta em entidades internacionais de proteção à liberdade de imprensa. Embora até agora não haja qualquer sinalização formal do governo dos Estados Unidos de que o pedido tenha sido protocolado ou levado a sério, o simples fato de um deputado brasileiro mobilizar uma potência estrangeira contra cidadãos brasileiros em exercício de suas funções jornalísticas escancara o desprezo do bolsonarismo por princípios democráticos elementares.

A tentativa de Eduardo Bolsonaro se soma a um conjunto de ações orquestradas para calar, desmoralizar ou amedrontar jornalistas investigativos. A pressão é especialmente intensa sobre aqueles que noticiam os desdobramentos judiciais que atingem seu pai, investigado por tentativa de golpe, uso da Abin paralela e crimes contra o sistema eleitoral.

A Rede Globo não comentou oficialmente o caso até a publicação desta matéria. Os jornalistas citados também não se pronunciaram. Já organizações como a Repórteres sem Fronteiras e a Abraji acompanham a escalada do bolsonarismo com preocupação e cobram resposta firme das instituições democráticas brasileiras.

Quadro: Perguntas e Respostas

O que Eduardo Bolsonaro quer dos EUA? Que autoridades americanas imponham sanções a jornalistas brasileiros, incluindo a suspensão de vistos.

Quem são os alvos? William Bonner, Natuza Nery, Daniela Lima e outros jornalistas da Rede Globo.

Isso tem respaldo legal? Não há respaldo jurídico nem confirmação de que os EUA considerem a proposta.

Qual o objetivo político? Intimidar a imprensa crítica e sinalizar força internacional do bolsonarismo.

Como reagiram entidades de imprensa? Com preocupação. A ameaça é vista como tentativa grave de silenciamento.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.