Transfobia

Erika Hilton vai acionar Trump na ONU por gênero errado em visto

Deputada afirma que ação foi transfóbica e levará o caso à ONU e à Comissão Interamericana

JR Vital
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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) – Foto: Reprodução

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) denunciou nesta quarta-feira (16) que recebeu um visto dos Estados Unidos com o gênero masculino, contrariando seus documentos oficiais do Brasil, onde está registrada como mulher. A parlamentar cancelou sua viagem ao país e prometeu acionar instâncias internacionais contra o governo americano.

Erika, mulher trans, afirmou que em 2023 já havia obtido um visto com o gênero feminino, de acordo com sua certidão de nascimento e passaporte diplomático. Contudo, o novo documento veio com o marcador “masculino”, mesmo com a apresentação dos mesmos dados.

Parlamentar diz que houve violação de direitos

Erika Hilton classificou o caso como transfobia institucional. Ela afirmou que levará o episódio à Organização das Nações Unidas (ONU) e à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Segundo a deputada, a decisão dos EUA desrespeita os registros civis emitidos pelo Estado brasileiro.

Não se trata apenas de transfobia. Se trata de um documento sendo rasgado sem o menor tipo de pudor e compromisso”, declarou. Por causa da divergência no visto, cancelou sua participação na Brazil Conference, evento promovido por estudantes brasileiros de Harvard e MIT.

Medo da abordagem no aeroporto

A deputada explicou que desistiu da viagem porque temeu ser abordada por autoridades americanas no aeroporto devido à inconsistência entre o nome e o gênero no visto. “Não aceitei me submeter a esse tipo de coisa”, disse.

Erika aponta Trump como responsável

A parlamentar culpou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pela emissão do documento com marcador incorreto. Ela pretende tomar medidas legais contra o chefe de Estado e disse que se sentiu “violada e desrespeitada”.

“Me senti violada, desrespeitada e senti as competências do meu país sendo invadidas por uma pessoa completamente alucinada, um homem doente que ocupou a presidência dos EUA e se sente dono da verdade”, afirmou Erika.

Ordem executiva de Trump restringe gênero em formulários

Em janeiro, Trump assinou uma ordem executiva determinando que formulários governamentais aceitem apenas os gêneros masculino ou feminino. A medida também suspendeu a emissão de passaportes com marcador “X”, adotado na gestão de Joe Biden para pessoas não binárias.

Erika Hilton informou que não preencheu nenhum formulário que autorizasse mudança no gênero declarado. Até o momento, a Embaixada dos EUA no Brasil não comentou o caso

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.