Brasília – 24 de agosto de 2025 – A Polícia Federal (PF) identificou o nome de um ex-assessor de Sergio Moro (União Brasil-PR) em documentos da Operação Sem Desconto, que apura fraudes milionárias no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
O inquérito, agora sob relatoria do ministro Dias Toffoli no Supremo Tribunal Federal (STF), aponta que mudanças feitas durante a gestão de Moro no Ministério da Justiça criaram condições para os golpes contra aposentados.
Estrutura criada na gestão Moro
De acordo com a PF, o ex-colaborador de Moro aparece em registros que documentam alterações nas regras de sindicatos e associações patronais. Essas mudanças abriram espaço para entidades assistenciais que mais tarde foram usadas como fachada para os descontos ilegais em benefícios do INSS.
Embora o senador Sergio Moro não seja investigado diretamente, a Polícia Federal considera que suas decisões administrativas foram a “gênese” da estrutura que sustentou o esquema. Em nota, Moro negou qualquer responsabilidade e disse que o ministério não tratava de contribuições associativas.
Onyx Lorenzoni e Fausto Pinato também citados
Além do ex-assessor de Moro, a investigação cita o ex-ministro Onyx Lorenzoni (PP-RS) e o deputado Fausto Pinato (PP-SP).
A PF identificou movimentações financeiras em 2022, durante a campanha de Onyx ao governo do Rio Grande do Sul. Segundo o inquérito, os recursos teriam origem em intermediários da associação Amar Brasil, suspeita de integrar o esquema.
O ex-ministro, que chefiou o Ministério do Trabalho e Previdência no governo Jair Bolsonaro, foi responsável por acordos que viabilizaram os descontos investigados. Em defesa, Onyx alegou ter recebido apenas uma doação de campanha e chamou as acusações de “fantasiosas”.
No caso de Pinato, a citação ocorreu porque ele alugou um escritório em 2024 no mesmo endereço de uma empresa ligada à fraude. O parlamentar classificou a situação como uma “coincidência infeliz” e negou qualquer envolvimento.
Conexão com outros inquéritos de Moro
A Operação Sem Desconto também se conecta a outro inquérito que envolve Rodrigo Tacla Duran, advogado que acusa Sergio Moro de tentativa de extorsão. A PF pediu o compartilhamento de informações, o que foi autorizado pelo ministro Dias Toffoli.
Moro, por sua vez, afirmou que seu nome foi citado para “desviar a atenção” de supostas falhas do atual governo. A estratégia do senador reforça o padrão de vitimização e confronto característico do bolsonarismo judicial.
O escândalo no INSS expõe como estruturas criadas durante gestões bolsonaristas e aliadas abriram caminho para um dos maiores golpes contra aposentados já registrados.
A presença de nomes ligados a Moro, Onyx e Pinato confirma que a fraude não foi isolada, mas parte de uma engrenagem política que misturou poder, fraude e desmonte institucional.