Pode ser retroativa?

Flávio Bolsonaro defende pena de morte por corrupção, mas não cita fraudes no INSS durante governo do pai

Senador citou execução de ministro chinês como exemplo, criticou Lula e sugeriu fiscalização do INSS, mas omitiu que esquema começou na gestão Bolsonaro

JR Vital
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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Flávio, o senador, e Jair Bolsonaro, o ex-presidente. - Foto: Divulgação

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) voltou a causar polêmica nesta segunda-feira (29) ao defender que crimes de corrupção no Brasil sejam punidos com pena de morte. A declaração foi feita em publicação nas redes sociais, na qual ele repercutiu a execução do ex-ministro da Agricultura da China, Tang Renjian, condenado por corrupção passiva.

Tang foi acusado de receber mais de 268 milhões de yuans (cerca de R$ 201 milhões) em propinas, no âmbito da campanha anticorrupção do governo de Xi Jinping. O caso serviu de gancho para que Flávio atacasse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), associando seu governo a práticas de corrupção.

Críticas a Lula e ironia com redes sociais

O senador lembrou ainda que Lula afirmou recentemente que receberia um emissário chinês para discutir a regulamentação das redes sociais no Brasil. Em tom irônico, sugeriu que o governo também convidasse um especialista em combate à corrupção do país asiático:

“Depois de chamar um especialista em censura chinês para ‘regular’ as redes sociais brasileiras, Lula poderia chamar esse especialista em combate à corrupção da China para ver algumas coisinhas aqui no governo dele no Brasil”, escreveu Flávio no X (antigo Twitter).

Alvo no INSS

Na mesma publicação, Flávio Bolsonaro apontou o INSS como primeiro alvo de uma eventual fiscalização internacional, associando as fraudes descobertas na Previdência Social ao atual governo.

“O especialista chinês poderia começar com o INSS de Lula”, ironizou.

Esquema atravessou governos Bolsonaro e Lula

Apesar da crítica, as investigações da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Polícia Federal (PF) indicam que os desvios no INSS ocorreram entre 2019 e 2024, período que inclui tanto o governo Lula quanto o mandato de Jair Bolsonaro (PL).

Segundo a Associação Nacional dos Médicos Peritos da Previdência Social (ANMP), Bolsonaro foi informado ainda em 2018 — durante a transição de governo — sobre fraudes e irregularidades no sistema previdenciário.

Ou seja, as práticas denunciadas por Flávio atingem diretamente a gestão do próprio pai.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.