Flávio Bolsonaro deixa o país antes de operação da PF e redes suspeitam de fuga

Senador viaja à Europa na véspera de ação contra Jair Bolsonaro e levanta suspeitas de fuga para evitar prisão

Brasília, 18 de julho de 2025 — Flávio Bolsonaro (PL-RJ) embarcou rumo à Europa um dia antes da operação da Polícia Federal contra Jair Bolsonaro, alimentando suspeitas de que a viagem tenha sido uma manobra preventiva para evitar eventual prisão.

Viagem estratégica, silêncio calculado

Flávio Bolsonaro voou para Lisboa no TP58, que decolou de Brasília às 17h10 da quinta-feira, 17 de julho. No dia seguinte, a Polícia Federal cumpriria mandados de busca e apreensão contra seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro. A coincidência entre as datas não passou despercebida: a ausência do senador, somada ao silêncio de sua assessoria sobre o itinerário e objetivos da viagem, acendeu o alerta político e jurídico em Brasília.

A justificativa oficial — recesso parlamentar — não convenceu nem mesmo aliados. Em clima de acirramento institucional, a saída de cena do senador reforça a percepção de que o clã Bolsonaro já opera em modo de evasão.

Reações, deboche e insulto calculado

Nas redes, a resposta foi imediata. O deputado federal André Janones (Avante-MG) acusou Flávio de abandonar o país por medo de ser preso. “Mais um covarde foge como um rato para não ser preso!”, escreveu. A reação do filho 01 foi no tom habitual da família: ironia e escárnio. Usando o X (ex-Twitter), chamou seus críticos de “ZORATES” e “ALDRABÕES” — termos lusitanos que viralizaram entre bolsonaristas e foram usados como distração retórica.

O cinismo é parte da tática. Em vez de responder às acusações de forma substantiva, Flávio desviou o foco para o folclore verbal, reforçando a imagem de confronto permanente. Em nova postagem, reafirmou fidelidade ao pai: “Fica firme, pai, não vão nos calar!”, enquanto ignorava completamente as suspeitas que pairam sobre sua própria movimentação.

Exílio planejado e alianças internacionais

Enquanto Flávio desfila pela Europa sem prestar contas ao público, Eduardo Bolsonaro permanece nos Estados Unidos. De lá, intensifica encontros com republicanos de extrema-direita e repete o mantra da “ditadura do STF”. Já afirmou que não volta ao Brasil “até que a liberdade volte a existir” — uma fórmula ambígua que encobre sua deserção deliberada do processo democrático brasileiro.

A retórica de Eduardo combina com a estratégia de sua família: demonizar o Judiciário, internacionalizar o conflito e buscar apoio político fora das fronteiras nacionais. O descolamento do clã Bolsonaro do Brasil real é visível. Enquanto o ex-presidente usa tornozeleira eletrônica, seus filhos circulam por Washington e Lisboa — sinalizando a montagem de um cinturão de proteção no exterior.

Cerco da Justiça e redes de fuga

A operação da Polícia Federal impôs restrições duras a Jair Bolsonaro: recolhimento domiciliar noturno, proibição de contato com aliados e banimento das redes sociais. Um pen drive, dólares e documentos foram apreendidos em sua casa. A investida marca a escalada de um cerco jurídico que agora atinge o núcleo familiar.

As movimentações de Flávio e Eduardo, portanto, não são isoladas. Indicam um padrão: a tentativa de esvaziar a presença do bolsonarismo no território nacional, articulando uma espécie de exílio político não oficial. A família aposta na vitimização internacional enquanto a Justiça brasileira fecha o cerco.

A pergunta que se impõe: trata-se apenas de férias ou da construção deliberada de uma rota de fuga com respaldo político internacional?

Perguntas e Respostas

Flávio Bolsonaro viajou antes da operação da PF?
Sim. Ele embarcou para Lisboa no dia 17 de julho, véspera da operação contra Jair Bolsonaro.

A viagem foi confirmada pela assessoria?
Foi confirmada, mas sem detalhes sobre o destino final ou motivo da viagem.

Há mandado contra Flávio Bolsonaro?
Até o momento, não. Mas ele é citado em diversos inquéritos que cercam o bolsonarismo.

Eduardo Bolsonaro também está fora do país?
Sim. Está nos EUA, onde tem criticado o STF e defendido Trump.

A Justiça impôs medidas contra Jair Bolsonaro?
Sim. O ex-presidente está proibido de usar redes sociais, deve cumprir recolhimento noturno e usar tornozeleira eletrônica.

JR Vital
JR Vital

JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.

Artigos: 47108