O deputado estadual Lucas Bove (PL-SP) foi indiciado pela Polícia Civil de São Paulo pelos crimes de violência psicológica e perseguição contra sua ex-mulher, a influenciadora Cíntia Chagas. O inquérito, concluído pela 3ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) em 15 de setembro, foi encaminhado à Justiça nesta quarta-feira, 1º de outubro de 2025.
O indiciamento confirma as alegações de agressões que a influenciadora reportou por meio de um boletim de ocorrência em setembro de 2024, após relatar mais de dois anos de violência doméstica e psicológica.

O Histórico de Violência Psicológica e a Censura à Vítima
O caso de violência psicológica e perseguição contra Cíntia Chagas inclui denúncias graves. A influenciadora relatou ter sido constantemente humilhada, chamada de “burra” e forçada a posar para fotos com figuras políticas como o ex-presidente Jair Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Em um episódio mais extremo, a vítima relatou que o deputado teria arremessado uma faca em sua direção.
A defesa de Cíntia Chagas celebrou o indiciamento, mas criticou duramente as medidas cautelares anteriores que, de forma absurda, proibiram a própria vítima de se manifestar sobre o caso. As advogadas apontaram que a tentativa de inverter a realidade e transformar a vítima em acusada causou um “enorme constrangimento”, uma tática comum em casos de violência contra a mulher. Entretanto, o Ministério Público reconheceu essa inversão e já requisitou a imediata revogação dessas cautelares.
O Arquivamento na Alesp e a Cobrança da Vítima
O indiciamento do deputado Lucas Bove expõe as contradições do Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). No final de agosto, o Conselho havia arquivado o pedido de cassação do mandato de Bove, sob a alegação oficial de que não havia um indiciamento formal.
Em um vídeo, Cíntia Chagas confrontou a decisão da Alesp: “Pois então, senhores deputados, agora há”, cobrando que o Legislativo reavalie sua posição. A postura do Conselho de Ética reforça a crítica de que as instituições frequentemente protegem seus membros, exigindo o indiciamento para agir, mesmo diante de denúncias públicas e medidas protetivas já concedidas pela Justiça contra o deputado, impedindo-o de se aproximar da vítima e de sua família.
O Uso do Mandato Contra a Vítima e o Lado Progressista
Em nota, Lucas Bove negou as acusações, acusando a ex-mulher de descumprir decisões judiciais, “divulgar informações sigilosas sobre fatos mentirosos” e “distorcer a verdade” para se beneficiar. A tentativa de descredibilizar a vítima e alegar o sigilo processual como escudo é uma tática que visa intimidar e silenciar.
O indiciamento do deputado por violência psicológica e perseguição ressalta a urgência em combater a violência contra a mulher, especialmente quando o agressor utiliza a sua posição de poder político para manipular o processo legal e a opinião pública. A vitória de Cíntia Chagas representa um avanço crucial na luta por Direitos da Mulher e serve de encorajamento para outras vítimas que sofrem abusos diariamente. É fundamental que a Justiça de São Paulo atue com rigor para garantir que o poder político e o mandato não sejam usados como salvo-conduto para a violência.
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