Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está avaliando a possibilidade de nomear o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para um ministério em 2025, quando começa a segunda metade de seu governo.
A proposta, que já circula nos bastidores do Palácio do Planalto, tem gerado controvérsia. Enquanto parte da “esquerda” do PT critica a ideia, alguns ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) demonstram simpatia pela medida, especialmente aqueles que defendem o semipresidencialismo.
A articulação para levar Lira ao governo ganhou força após o mau desempenho do PT nas eleições municipais. O movimento busca garantir uma maior estabilidade política para Lula até as eleições de 2026, mas enfrenta resistência interna, com petistas mais alinhados à esquerda se opondo à aproximação com o Centrão.
Apoio do Centrão e as eleições de 2026
A ideia de incluir Arthur Lira no governo Lula em 2025 faz parte de uma estratégia para unificar o Centrão e garantir maior governabilidade para o presidente. Apesar disso, não há garantias de que o grupo apoiará Lula nas eleições de 2026, principalmente considerando que o Centrão também mantém uma relação próxima com o ex-presidente Jair Bolsonaro, inelegível até 2030.
A proposta ganhou força após a publicação de uma entrevista do ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT) ao Estadão, na qual ele defendeu abertamente a ideia. Cunha, considerado um interlocutor de Lula, expressou a preocupação de setores mais pragmáticos do PT sobre o crescimento da direita e o fenômeno Pablo Marçal, influenciador que surpreendeu ao conquistar o terceiro lugar na disputa pela prefeitura de São Paulo.
Marçal e a direita em ascensão
A recente pesquisa Genial/Quaest, divulgada no dia 13 de outubro, mostrou que, em um cenário para as eleições presidenciais de 2026, Lula teria 32% das intenções de voto, seguido por Pablo Marçal com 18%, e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, com 15%. Embora Marçal seja visto como uma ameaça emergente, ainda existem muitos cenários a serem definidos até 2026, e há a possibilidade de que ele fique inelegível.
A negociação política e o papel de Lira
Os defensores da nomeação de Lira acreditam que, após as eleições para a presidência da Câmara e do Senado, em fevereiro de 2025, ele terá condições de ajudar Lula a consolidar uma base de apoio dentro do Centrão, especialmente se conseguir emplacar o deputado Hugo Motta (PB) como sucessor no comando da Câmara. A experiência de Lira em negociações complexas no Congresso é vista como um trunfo para assegurar maior estabilidade ao governo.
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Perguntas frequentes sobre a possível entrada de Lira no governo Lula
Por que Lula considera nomear Lira para um ministério?
A estratégia visa garantir maior apoio do Centrão e estabilidade política para o governo até as eleições de 2026.
Qual é a posição da esquerda do PT sobre a proposta?
A ala mais à esquerda do PT critica a aproximação com Arthur Lira e o Centrão, temendo que isso desvirtue os princípios do partido.
Como Lira pode influenciar o cenário de 2026?
Os defensores da ideia acreditam que Lira pode articular uma aliança estratégica dentro do Centrão, trazendo apoio ao projeto de reeleição de Lula.
Com informações do jornal Estado de São Paulo, Estadão