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Lula envia à Câmara projeto para regular big techs

Texto cria Superintendência de Mercados Digitais no Cade e estabelece obrigações especiais para plataformas com faturamento acima de R$ 5 bilhões.

JR Vital
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JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Lula e Haddad - © Valter Campanato/Agência Brasil

O governo federal enviou à Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (17) um projeto de lei que estabelece regras para a regulação econômica das big techs no Brasil.

A proposta — elaborada pela Secretaria de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda em conjunto com a Casa Civil — tem como objetivo combater práticas anticoncorrenciais e abusos de poder econômico por parte de grandes plataformas digitais.

O ministro Fernando Haddad destacou durante apresentação no Palácio do Planalto que a concentração de poder e dinheiro nas mãos de poucas empresas exige ação estatal:

“O mundo digital evoluiu tão rápido que a legislação não acompanhou o passo a passo da concentração. É dever do Estado regular um setor tão concentrado, impedindo práticas desleais que prejudicam pequenos, médios e até grandes negócios”.

Os pilares da regulação

O projeto cria dois instrumentos principais no âmbito do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade):

  1. Designação de plataformas de relevância sistêmica: Empresas com faturamento superior a R$ 5 bilhões anuais no Brasil ou R$ 50 bilhões globalmente poderão ser classificadas como de “relevância sistêmica” e submetidas a regras especiais;
  2. Obrigações especiais: As plataformas designadas estarão sujeitas a regras de transparência, proibições e procedimentos específicos, com multas por descumprimento.

Nova estrutura: Superintendência de Mercados Digitais

O texto prevê a criação da Superintendência de Mercados Digitais (SMD), uma unidade especializada dentro do Cade responsável por:

  • Monitorar mercados digitais;
  • Instruir processos de designação de agentes econômicos;
  • Investigar violações e garantir cumprimento das obrigações.

A designação de cada plataforma será analisada caso a caso, mediante processo administrativo sujeito à aprovação do Tribunal do Cade.

Por que regular as big techs?

Haddad foi claro ao explicar a motivação:

“A concorrência é uma velha conhecida do capitalismo que tem a tendência a concentrar o capital em poucas mãos, acarretando na formação de oligopólios e monopólios”.

O projeto busca corrigir distorções que:

  • Prejudicam a livre concorrência;
  • Limitam a liberdade de escolha do consumidor;
  • Elevam preços artificialmente;
  • Sufocam a inovação de pequenas empresas.

Próximos passos para regulação das Big Techs

A proposta chega à Câmara em um momento global de regulação de big techs — União Europeia, Estados Unidos e outros países já avançaram em marcos similares. O texto passará pelas comissões temáticas antes de ir a plenário.

Se aprovada, a lei representará um marco na governança digital brasileira, equilibrando inovação e regulação em um setor que até agora operava com pouca supervisão.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.