Sem Medo

Lula volta a criticar tarifaço de Trump e cobra respeito ao Brasil

Presidente defende soberania, critica dependência do dólar e propõe moeda alternativa em evento do PT

JR Vital
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JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Lula - Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

Brasília, 3 de agosto de 2025 — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou neste domingo as tarifas impostas pelos Estados Unidos (EUA) a produtos brasileiros.

Durante o encerramento do 17º Encontro Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), em Brasília, Lula defendeu a soberania nacional, propôs uma moeda alternativa ao dólar e afirmou que o Brasil não aceitará ser tratado como “republiqueta”.


Lula cobra respeito em reação a tarifas dos EUA

Durante o evento petista, Lula afirmou que os Estados Unidos (EUA), sob o governo do presidente Donald Trump, precisam reconhecer o peso econômico e político do Brasil nas negociações. O presidente brasileiro se posicionou contra a imposição unilateral de tarifas e reforçou que o país busca relações comerciais em pé de igualdade:

“Querer transformar um assunto político em taxação econômica é inaceitável”, declarou Lula.

O novo tarifaço norte-americano impõe alíquota de 50% sobre produtos brasileiros e elevou a tensão diplomática entre os dois países. Apesar disso, Lula indicou disposição para manter o diálogo, desde que com firmeza e limites:

“Nós temos que falar apenas aquilo que é necessário”, afirmou.

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Proposta de moeda alternativa e defesa da soberania

Lula voltou a defender a criação de uma moeda internacional alternativa ao dólar, retomando proposta já apresentada em fóruns multilaterais. Segundo ele, essa medida é essencial para garantir a autonomia econômica de países emergentes:

“Eu não preciso ficar subordinado ao dólar”, afirmou o presidente.

A reação institucional brasileira também ganhou força com a campanha “Brasil com S de Soberania”, que tem pautado discursos de integrantes do Partido dos Trabalhadores (PT). O tema dominou a agenda da legenda nos últimos dias.

Na diplomacia, o chanceler Mauro Vieira se reuniu com o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, em encontro considerado protocolar, mas ainda sem avanços concretos.


Evento do PT tem tom eleitoral e críticas a Trump e Bolsonaro

Com o lema “Brasil justo e próspero”, o 17º Encontro Nacional do PT reuniu cerca de mil delegados. O encontro teve forte conteúdo político, com críticas ao presidente Donald Trump, à família Bolsonaro e à extrema-direita.

Um vídeo exibido durante o evento remixou falas de Lula em tom de ironia sobre o deputado Eduardo Bolsonaro, preso nos Estados Unidos:

“Trump, libera meu pai”, dizia o funk exibido no telão.

O senador Humberto Costa avaliou que Lula enfrentará uma das campanhas mais difíceis da carreira:

“A extrema-direita continua viva e disposta a destruir valores”, afirmou.

A ministra Gleisi Hoffmann também acusou a família Bolsonaro de traição nacional:

“É uma gente traidora, que tentou dar um golpe e quer um golpe continuado”, disse.

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Edinho Silva assume presidência do PT com foco digital

O evento marcou ainda a posse de Edinho Silva como novo presidente nacional do PT. Ex-prefeito de Araraquara (SP), ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social, e aliado histórico de Lula, Edinho substitui Gleisi Hoffmann no comando do partido.

A nova gestão promete reforçar a presença digital da legenda, ampliar o diálogo com influenciadores e investir em campanhas de mobilização. A corrente Construindo um Novo Brasil (CNB) manteve o controle do diretório nacional, garantindo a continuidade da linha política adotada nos últimos anos.

Campanhas como a taxação dos super-ricos e a defesa da soberania nacional serão intensificadas.


Entenda os embates entre Lula e Trump sobre tarifas e soberania

Por que Lula critica as tarifas dos EUA?
Porque considera que a imposição de taxas de 50% sobre produtos brasileiros é uma medida unilateral e politicamente motivada, que fere o princípio da igualdade nas relações comerciais.

O que Lula propõe no lugar da dependência do dólar?
Ele defende a criação de uma moeda alternativa para negociações internacionais entre países do Sul Global, o que reduziria a dependência do sistema financeiro dominado pelos EUA.

O governo brasileiro pretende romper relações com os EUA?
Não. Apesar das críticas, Lula afirmou que manterá um canal de diálogo com o governo de Donald Trump, embora com limites e firmeza na defesa dos interesses nacionais.

Qual foi a reação dos EUA?
O presidente Donald Trump sinalizou interesse em diálogo, e o secretário de Estado, Marco Rubio, já se reuniu com o chanceler brasileiro. No entanto, não houve avanços substanciais até o momento.

O tema tem impacto eleitoral?
Sim. A defesa da soberania e as críticas à política externa dos EUA reforçam o discurso do PT contra a extrema-direita e mobilizam a base do partido em ano pré-eleitoral.


Repercussões e próximos passos

A reação de Lula às tarifas impostas por Donald Trump marca um novo capítulo na política externa brasileira, com reflexos eleitorais e diplomáticos. O governo aposta na soberania como eixo central de mobilização, tanto no campo político quanto nas relações internacionais.

A condução de Edinho Silva na presidência do PT deve intensificar esse discurso nas redes e campanhas de rua. O impasse com os Estados Unidos (EUA), por sua vez, ainda pode gerar novos desdobramentos diplomáticos e econômicos nos próximos meses.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.