De Frente

Paulo Sérgio Nogueira é o único réu presente no julgamento do golpe

Ex-ministro da Defesa chega de tipoia; demais réus acompanham sessão à distância

JR Vital
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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O julgamento da chamada trama golpista atribuída ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a sete de seus aliados começou nesta terça-feira (2/9) na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), sob forte esquema de segurança e ampla cobertura da imprensa nacional e internacional.

Entre os oito réus do chamado núcleo crucial, apenas o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira compareceu presencialmente. O general chegou usando uma tipoia no ombro esquerdo e explicou a lesão:

— Rompi o tendão jogando pingue-pongue com o neto — afirmou ao ser abordado por jornalistas na entrada do Supremo.

Ausências e medidas cautelares

Os demais acusados optaram por não comparecer a Brasília. Jair Bolsonaro e o general da reserva Walter Braga Netto não solicitaram autorização ao relator do processo, ministro Alexandre de Moraes, para acompanhar a sessão no plenário, cumprindo medidas cautelares. A defesa do ex-presidente informou que ele acompanhará a sessão à distância, pela televisão.

O núcleo 1 da ação penal é composto por: Paulo Sérgio Nogueira, Jair Bolsonaro, Braga Netto, Alexandre Ramagem (deputado federal e ex-diretor da Abin), Almir Garnier Santos (almirante e ex-comandante da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), Augusto Heleno (general da reserva e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional) e Mauro Cid (tenente-coronel, ex-ajudante de ordens e delator do caso).

Todos respondem por crimes como tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Segurança reforçada e atenção internacional

O julgamento mobilizou amplo aparato de segurança em Brasília. A Praça dos Três Poderes amanheceu cercada por grades, e equipes da Polícia Judicial realizaram varreduras com cães farejadores dentro e fora do Supremo.

O processo atraiu grande interesse da imprensa. O STF recebeu mais de 3 mil inscrições para acompanhamento, sendo 501 jornalistas credenciados, vindos do Brasil e do exterior.

O advogado Celso Villardi, representante de Bolsonaro, foi o primeiro a chegar ao tribunal. Ele confirmou que seu cliente não compareceria presencialmente, mas acompanharia o julgamento à distância.

Julgamento histórico

O caso é considerado um dos mais relevantes da história recente do STF, por colocar um ex-presidente da República no banco dos réus acusado de tentativa de golpe de Estado. A decisão da Primeira Turma tem previsão de conclusão até o dia 12 de setembro.

Enquanto os olhares se voltam para o tribunal, a presença de Paulo Sérgio Nogueira isolou simbolicamente o general entre os réus, marcando o início de um julgamento que poderá ter impactos profundos na política brasileira.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.