O julgamento da chamada trama golpista atribuída ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a sete de seus aliados começou nesta terça-feira (2/9) na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), sob forte esquema de segurança e ampla cobertura da imprensa nacional e internacional.
Entre os oito réus do chamado núcleo crucial, apenas o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira compareceu presencialmente. O general chegou usando uma tipoia no ombro esquerdo e explicou a lesão:
— Rompi o tendão jogando pingue-pongue com o neto — afirmou ao ser abordado por jornalistas na entrada do Supremo.
Ausências e medidas cautelares
Os demais acusados optaram por não comparecer a Brasília. Jair Bolsonaro e o general da reserva Walter Braga Netto não solicitaram autorização ao relator do processo, ministro Alexandre de Moraes, para acompanhar a sessão no plenário, cumprindo medidas cautelares. A defesa do ex-presidente informou que ele acompanhará a sessão à distância, pela televisão.
O núcleo 1 da ação penal é composto por: Paulo Sérgio Nogueira, Jair Bolsonaro, Braga Netto, Alexandre Ramagem (deputado federal e ex-diretor da Abin), Almir Garnier Santos (almirante e ex-comandante da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), Augusto Heleno (general da reserva e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional) e Mauro Cid (tenente-coronel, ex-ajudante de ordens e delator do caso).
Todos respondem por crimes como tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
Segurança reforçada e atenção internacional
O julgamento mobilizou amplo aparato de segurança em Brasília. A Praça dos Três Poderes amanheceu cercada por grades, e equipes da Polícia Judicial realizaram varreduras com cães farejadores dentro e fora do Supremo.
O processo atraiu grande interesse da imprensa. O STF recebeu mais de 3 mil inscrições para acompanhamento, sendo 501 jornalistas credenciados, vindos do Brasil e do exterior.
O advogado Celso Villardi, representante de Bolsonaro, foi o primeiro a chegar ao tribunal. Ele confirmou que seu cliente não compareceria presencialmente, mas acompanharia o julgamento à distância.
Julgamento histórico
O caso é considerado um dos mais relevantes da história recente do STF, por colocar um ex-presidente da República no banco dos réus acusado de tentativa de golpe de Estado. A decisão da Primeira Turma tem previsão de conclusão até o dia 12 de setembro.
Enquanto os olhares se voltam para o tribunal, a presença de Paulo Sérgio Nogueira isolou simbolicamente o general entre os réus, marcando o início de um julgamento que poderá ter impactos profundos na política brasileira.