O Partido dos Trabalhadores (PT) acusou o Congresso Nacional de “derrotar o povo brasileiro” após a rejeição da Medida Provisória (MP) que aumentava impostos sobre bancos, bilionários e casas de apostas online.
A votação, ocorrida nesta sexta-feira (11), derrubou um dos pilares da política de justiça tributária defendida pelo governo Lula, que previa arrecadação adicional de R$ 35 bilhões para equilibrar as contas públicas e ampliar investimentos sociais.
Segundo o PT, a decisão foi uma “sabotagem ao país” conduzida por forças conservadoras do Centrão e de partidos que vinham se distanciando do governo, como União Brasil, PP, PSD e Republicanos. Em vídeo divulgado nas redes sociais, o partido destacou que a proposta atingiria apenas os mais ricos, enquanto garantiria isenção de Imposto de Renda para trabalhadores com salário de até R$ 5 mil mensais.
“O Congresso Nacional derrotou o povo. Derrotaram o projeto do presidente Lula, sabotaram o país”, afirma o vídeo divulgado pelo PT.
Centrão articula derrota e expõe crise na base aliada
A rejeição da MP revelou o desgaste entre o Palácio do Planalto e o bloco do Centrão, que, embora ocupando cargos estratégicos, tem imposto sucessivas derrotas ao governo no Congresso. A articulação que derrubou a medida contou com apoio de lideranças como o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) — apontado por interlocutores do Planalto como uma figura que busca se projetar politicamente para 2026.
Nos bastidores, a avaliação é de que Tarcísio, ao influenciar deputados de seu partido, teria agido para enfraquecer Lula e consolidar uma imagem de alternativa conservadora à sucessão presidencial. Embora o governador negue envolvimento direto, parlamentares da oposição agradeceram publicamente sua atuação durante as negociações.
Justiça tributária em xeque e risco de cortes
O relator da proposta, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), chegou a retirar do texto a taxação das bets (apostas esportivas) para tentar assegurar votos, mas a manobra não foi suficiente. Com a derrota, o governo estuda medidas emergenciais para compensar a perda de arrecadação e não descarta contingenciar gastos — inclusive emendas parlamentares, o que pode acirrar o embate político no Congresso.
Economistas avaliam que o impacto fiscal da decisão poderá comprometer programas sociais e investimentos em áreas essenciais como saúde, educação e infraestrutura. A derrubada da MP também fragiliza a agenda de reforma tributária progressiva, uma das principais promessas de campanha de Lula.
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“Bilionários, bancos e bets pagariam um pouquinho do que ganham para fazer justiça com todo o país”, diz outro trecho do vídeo do PT, que relembra derrotas anteriores, como a MP do IOF, também rejeitada pelo Congresso em julho.
Reação política e mobilização nas redes
O vídeo do PT viralizou nas redes, atingindo milhões de visualizações em poucas horas. A legenda tenta transformar a derrota em combustível político, reforçando o discurso de que o governo luta contra uma elite econômica que resiste a pagar sua parte na reconstrução do país.
Nos próximos dias, a equipe econômica deverá apresentar alternativas para recompor o orçamento, enquanto o Planalto busca reorganizar sua base parlamentar. O episódio reforça o desafio do governo em aprovar medidas que toquem em interesses concentrados, especialmente em um Congresso dominado por bancadas empresariais e ruralistas.
