O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quinta-feira (16) a reabertura do inquérito que investiga a interferência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Polícia Federal durante seu governo.
O caso havia sido arquivado em 2021 a pedido do então procurador-geral da República, Augusto Aras.
A decisão foi motivada por um novo pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), apresentado na quarta-feira (15), que baseou-se em documentos e depoimentos indicando possíveis tentativas de uso político da Polícia Federal. Moraes concedeu 15 dias para que a PGR se posicione sobre o andamento da investigação e as diligências a serem adotadas.
Histórico do inquérito e avanços recentes
O inquérito foi aberto em 2020, após declarações do ex-ministro da Justiça e atual senador Sergio Moro (União-PR), que acusou Bolsonaro de tentar manipular investigações e substituir o comando da PF para obter informações sobre inquéritos envolvendo seus familiares. Bolsonaro negou as acusações, afirmando preocupação apenas com a segurança da família.
Atualmente sob a gestão do procurador-geral Paulo Gonet, a PGR defende a necessidade de ampliar a apuração para confirmar se houve ou não interferências na Polícia Federal. Também solicitou a análise de conexões com inquéritos paralelos, incluindo investigações sobre organização criminosa, fake news e uso indevido da estrutura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Implicações e próximos passos
O caso ganhou notoriedade especialmente após a reunião ministerial de 22 de abril de 2020, apontada por Moro como prova da tentativa de interferência política. Logo após deixar o governo, Bolsonaro nomeou Alexandre Ramagem, amigo pessoal, para a direção-geral da PF, porém a nomeação foi barrada por Moraes, que apontou desvio de finalidade.
Com a reabertura do inquérito, o STF deverá retomar a análise das provas coletadas, como mensagens, depoimentos e gravações de reuniões. Essa etapa poderá levar à formalização de uma ação contra Bolsonaro por tentativa de interferência política na corporação.
Além disso, a ampliação das investigações abre espaço para aprofundar o controle democrático sobre a Polícia Federal, considerada órgão essencial para investigações e a aplicação da lei.

