Traficantes, assassinos e até mortos conseguiram registro de CAC sob governo Bolsonaro

Investigação do TCU aponta concessão irresponsável de registros a condenados, mortos e suspeitos de crime organizado

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Bolsonaro em 2019 na assinatura do decreto que flexibilizou política de concessão de registros de armas.. Créditos: Marcos Corrêa/PR

A farra na concessão de registros de Colecionador, Atirador e Caçador (CACs) pelo Exército brasileiro durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) gerou uma milícia nacional, conforme revelado por um relatório sigiloso do Tribunal de Contas da União (TCU), divulgado pelo jornal O Estado de S.Paulo nesta segunda-feira (4).

Os dados indicam que o Exército concedeu esses registros a indivíduos condenados por crimes graves, brasileiros já falecidos e até mesmo foragidos da Justiça.

O que você precisa saber:

  • O Exército concedeu registros de CACs a 5.235 pessoas condenadas por tráfico, homicídio e lesão corporal.
  • Dentre elas, 1,5 mil pessoas tinham processos de execução penal, e 2,6 mil eram foragidos da Justiça.
  • Mais de 21 mil armas estão registradas para pessoas já falecidas, e 94 mortos compraram 16.669 munições.
  • 22.493 CACs estão no CadÚnico, suspeitos de serem usados como laranjas para aquisição de armas pelo crime organizado.
  • Os recursos para fiscalização do Exército diminuíram 37%, enquanto o número de certificados de CACs aumentou 469%.

Acesso irresponsável a armas e suas consequências: “A gravidade das condutas, por si só, já reforça indicadores de criminalidade e abala a sensação de segurança”, alerta o TCU. A auditoria destaca preocupações com reincidência, evolução da gravidade dos crimes e obstrução de investigações devido ao acesso indiscriminado a armas.

Discrepância entre registros e fiscalização: Durante o governo Bolsonaro, os recursos destinados à fiscalização dos CACs e armas de fogo caíram 37%, enquanto os certificados de CACs aumentaram 469%, indicando um descompasso notório. O Exército, agora sob o comando do general Tomás Ribeiro Paiva, afirma que está adotando medidas para aprimorar os processos de autorização e fiscalização dos CACs.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.