Criminoso Fugitivo

Ramagem, condenado no STF, alega “anuência” dos EUA enquanto foge da Justiça

Deputado do PL insiste em narrativa de perseguição política e diz estar “seguro” nos Estados Unidos, apesar do mandado de prisão preventiva e das acusações de golpe de Estado

JR Vital - Diário Carioca
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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
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© Fellipe Sampaio/STF
Atualizado em 24/11/2025 15:39

Condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por participação no núcleo central da trama golpista, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) afirmou, em uma entrevista transmitida ao vivo, que está “seguro” nos Estados Unidos e que conta com a “anuência” do governo norte-americano para permanecer no país — mesmo com um mandado de prisão preventiva expedido pelo ministro Alexandre de Moraes.

A declaração foi dada ao blogueiro Allan dos Santos, também foragido da Justiça brasileira. Ramagem, condenado a 16 anos, 1 mês e 15 dias de prisão, disse ter sido recebido com simpatia por autoridades norte-americanas. Segundo ele, teria ouvido:
“Que bom que temos um amigo que está em segurança, a salvo, aqui nos Estados Unidos.”

A fala, porém, não é acompanhada de nenhuma confirmação oficial. A CNN Brasil afirma ter procurado a Polícia Federal, o STF e o governo dos EUA — nenhum órgão confirmou qualquer tipo de autorização, apoio ou incentivo à permanência do deputado no país.

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Fuga planejada e mandado de prisão

O STF apontou que Ramagem deixou o Brasil após sinais evidentes de que seria preso. A Polícia Federal identificou sua saída do Rio de Janeiro rumo a um estado do Norte, seguido por deslocamento terrestre até um país vizinho, e só então o embarque para os Estados Unidos.

Apesar de condenado, o deputado ainda não cumpria pena pois o processo da trama golpista não transitou em julgado. Mesmo assim, a tentativa de fuga motivou a decretação da prisão preventiva.

Narrativa de perseguição e vitimização

Durante a entrevista, Ramagem repetiu o discurso de perseguição política, acusando o STF, a Polícia Federal e o governo brasileiro de promover “lawfare”. Disse ainda que estava nos EUA para “proteger sua família” e que permanecer no Brasil significaria ver suas filhas presenciarem sua prisão.

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“É lógico que eu não ia ficar no Brasil”, afirmou, ignorando as determinações judiciais que proibiam sua saída do país e exigiam entrega do passaporte.

Esposa reforça versão e exibe reencontro em Miami

No domingo (23), a esposa do deputado, Rebeca Ramagem, publicou um vídeo mostrando o reencontro da família em Miami. No post, alegou que viajaram para “proteger a família” e que seriam vítimas de “perseguição desumana”. Nenhuma prova dessas acusações foi apresentada.

Crimes que levaram à condenação

O STF condenou Ramagem por:
Organização criminosa armada
Abolição violenta do Estado Democrático de Direito
Golpe de Estado

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A 1ª Turma concluiu que ele usou a estrutura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) — da qual foi diretor no governo Bolsonaro — para vigiar adversários e disseminar desinformação que alimentou a ofensiva golpista.

A “anuência” dos EUA: narrativa política sem comprovação

Até o momento, nenhuma autoridade dos Estados Unidos confirmou conhecer, aprovar ou registrar oficialmente a presença de Ramagem no país. A declaração do deputado se sustenta apenas na sua própria versão — politicamente conveniente, mas sem lastro oficial.

Enquanto isso, no Brasil, a Justiça segue aguardando sua apresentação ou captura para que a ordem de prisão preventiva seja cumprida.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.