Apoiam Escravocratas

24 vereadores da direita do Rio de Janeiro são contra lei antirracista

Projeto de lei dos vereadores dos vereadores Dr. Gilberto (SDD), Dr. Rogério Amorim (PL), Carlo Caiado (PSD) e Pedro Duarte (Novo) revoga proibição de monumentos a escravocratas e eugenistas, gerando polêmica na Câmara Municipal

JR Vital
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JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Foto: Renan Olaz - CMRJ

Rio de Janeiro – Em uma votação acirrada, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro aprovou, em segunda discussão, o Projeto de Lei 2.669/2023, que revoga a Lei 8.205/2023. A lei original proibia a instalação e manutenção de monumentos que exaltassem figuras ligadas à escravidão e ao eugenismo.

A proposta, que agora segue para sanção ou veto do prefeito, foi de autoria dos vereadores Dr. Gilberto (SDD), Dr. Rogério Amorim (PL), Carlo Caiado (PSD) e Pedro Duarte (Novo).

A revogação foi aprovada por 24 votos a favor e 10 contra. O projeto gerou uma reação veemente, especialmente de grupos progressistas e ativistas antirracismo. Mônica Benicio, vereadora e uma das autoras da lei antiracista, criticou duramente a decisão. Ela comparou a votação ao retrocesso de um período histórico distante, afirmando que o ato reflete uma tentativa de reescrever a história de forma a legitimar figuras responsáveis por séculos de opressão. “O ano é 2024, mas a Câmara Municipal do Rio ainda parece estar na Idade Média”, declarou, destacando o papel da Lei 8.205/2023 como um passo importante na luta por memória, justiça e reparação.

A polêmica sobre a revogação da Lei 8.205/2023

A Lei 8.205/2023 foi criada com o intuito de proibir a celebração pública de figuras históricas associadas à escravidão e eugenismo no Rio de Janeiro. Entre seus principais objetivos estava a remoção ou impedimento da instalação de estátuas e monumentos de exaltação a indivíduos ligados à prática da escravidão. Contudo, a proposta de revogação trouxe à tona um intenso debate na sociedade, especialmente sobre o papel da memória histórica e a preservação de marcos que refletem o passado controverso do Brasil.

A reação dos vereadores e da sociedade

Mônica Benicio, em sua declaração, posicionou-se fortemente contra a aprovação do PL, afirmando que a revogação da lei representa um retrocesso na luta antirracista. “É inadmissível que a Câmara ache razoável homenagear figuras históricas que escravizaram pessoas por séculos e violaram gravemente os direitos humanos”, afirmou a vereadora, em uma fala recheada de indignação. Além disso, ela chamou a atenção para o fato de que figuras conservadoras e de extrema-direita, com uma visão retrógrada, conseguiram aprovar o projeto de lei.

Os vereadores que defendem a revogação alegam que a medida é necessária para garantir liberdade de expressão e a preservação do patrimônio histórico, embora a discussão sobre os limites dessa preservação continue sendo um ponto de conflito.

Votação e próximos passos

A proposta de revogação foi aprovada pela ampla maioria dos vereadores presentes, com 24 votos favoráveis e 10 contrários. O projeto agora segue para análise do prefeito do Rio de Janeiro, que poderá sancioná-lo ou vetá-lo. Caso sancionado, o projeto permitirá que novos monumentos relacionados à escravidão e ao eugenismo sejam erigidos ou mantidos na cidade.

Entenda o caso

  • Lei 8.205/2023: Criada para proibir a instalação e manutenção de monumentos de exaltação a escravocratas e eugenistas no Rio de Janeiro.
  • PL 2.669/2023: Projeto de lei que revoga a Lei 8.205/2023, permitindo a preservação ou instalação desses monumentos.
  • Controvérsia: A revogação gerou reações intensas, principalmente entre ativistas e grupos antirracistas, que veem o projeto como um retrocesso na luta pela memória histórica.
  • Votação: O projeto foi aprovado por 24 votos a favor e 10 contra e agora aguarda sanção ou veto do prefeito.
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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.