Rio de Janeiro – No último sábado (4), a Lagoa Rodrigo de Freitas foi palco de um protesto organizado pela ONG Rio de Paz, que reuniu familiares de crianças vítimas de balas perdidas no Rio de Janeiro. O ato teve como objetivo não apenas expressar o repúdio à violência, mas também cobrar da Prefeitura do Rio o direito de manter um memorial na área turística.
Os manifestantes, que seguravam cartazes com as fotos de 49 vítimas, reivindicam a continuidade do memorial, que foi removido recentemente pela prefeitura. Entre os participantes, estavam mães e parentes de jovens mortos pela violência no estado, como Bruna da Silva, mãe de Marcus Vinícius da Silva, e Thamires Assis, mãe de Ester Assis. Bruna, que perdeu seu filho em 2018 durante uma operação de segurança na Maré, relatou a dor da perda e a falta de justiça. “Nossos filhos nada fizeram para estar mortos”, desabafou.
Além de Bruna e Thamires, estiveram presentes outras mães como Celine Palhinhas, mãe de Lorenzo Palhinhas, e Priscila Menezes, mãe de Thiago Menezes, que também foram vítimas de balas perdidas em operações policiais. A dor compartilhada entre as famílias foi um dos pontos altos do protesto. “Eu achei muito importante participar, pois nossas crianças merecem justiça, e o mais importante: respeito com suas memórias”, disse Thamires Assis.
Mães exigem respeito e justiça
O ato contou com a presença de famílias que perderam seus filhos em diferentes circunstâncias. Celine Palhinhas, que perdeu seu filho Lorenzo em 2022, quando ele foi morto por policiais rodoviários federais no Chapadão, destacou a luta por justiça. “Gostei de estar com outras mães, que eu já conheço dessa luta por justiça”, afirmou Celine, mencionando a ONG Rio de Paz, que a apoiou desde o início.
Em outra fala, Priscila Menezes expressou sua indignação após a Polícia Militar divulgar nas redes sociais que seu filho Thiago Menezes, morto aos 14 anos em 2023, era criminoso. A publicação foi posteriormente retirada quando ficou comprovado que Thiago não tinha envolvimento com o crime. “Eu chorei quando soube que as fotos não seriam colocadas novamente”, lamentou Priscila.
Fundador da ONG Rio de Paz critica prefeitura
Antonio Carlos Costa, fundador da ONG Rio de Paz, fez duras críticas à postura da Prefeitura do Rio. Para ele, o prefeito Eduardo Paes e o governador Cláudio Castro demonstram total desrespeito pelas famílias. “Nós nos sentimos profundamente desrespeitados. Ele vê as imagens nos telejornais dos parentes chorando e tira tudo”, disse Antonio Carlos. O ativista enfatizou que as manifestações não cessarão até que as mortes de crianças por balas perdidas parem.
“Se alguém está preocupado com o turismo no Rio de Janeiro, devemos nos preocupar com a imagem da cidade como um todo”, acrescentou Antonio Carlos, referindo-se à remoção das fotos e ao impacto disso na percepção da sociedade sobre a violência no estado. Para ele, a imagem do Rio de Janeiro não se resume a suas belezas naturais, mas também à forma como a população lida com o sofrimento causado pela violência.
Prefeitura retira memorial
A ação da Prefeitura do Rio, que retirou as fotos do memorial da Lagoa Rodrigo de Freitas, gerou revolta entre os manifestantes. A remoção aconteceu na semana anterior ao protesto, quando o memorial foi formado por imagens das vítimas de balas perdidas. O ato gerou forte indignação entre as famílias, que acusam a gestão municipal de tentar minimizar o impacto das mortes e da violência no estado.
Entenda o caso
- Protesto na Lagoa Rodrigo de Freitas: Mães e parentes de vítimas de balas perdidas se reuniram para exigir um memorial.
- Retirada do memorial: A Prefeitura do Rio retirou as fotos, gerando revolta entre as famílias.
- Críticas à gestão pública: A ONG Rio de Paz e os familiares cobraram a falta de ação do prefeito Eduardo Paes e do governador Cláudio Castro.
- Manifestantes exigem justiça: A luta por justiça e respeito pelas memórias das vítimas continua sem previsão de término.