Rio de Janeiro – O Carnaval de 2025 trouxe desfiles grandiosos e inovações na Marquês de Sapucaí, mas a presença de figuras influentes do jogo do bicho ainda se fez notar. Mesmo discretos, nomes investigados por envolvimento com atividades ilegais mantiveram vínculos com algumas agremiações.
Entre os destaques, Rogério de Andrade, sobrinho de Castor de Andrade, seguiu como uma figura influente na Mocidade Independente de Padre Miguel, mesmo cumprindo pena na penitenciária federal de Campo Grande (MS). Sua esposa, Fabíola de Andrade, rainha de bateria da escola, desfilou com um pingente contendo a letra “R”, em referência ao marido, reforçando a ligação entre ele e a agremiação.
Influência e presença indireta na Avenida
Outro nome ligado ao jogo do bicho, Adilson Oliveira Coutinho Filho, conhecido como Adilsinho, também teve seu nome citado no Carnaval. Apesar de não estar presente, ele recebeu homenagens durante a passagem do Salgueiro. Considerado foragido devido a um mandado de prisão por homicídio, teve sua influência reconhecida por apoiadores, que usaram camisas com a inscrição “Amigos do Patrono”. Segundo investigações do Ministério Público, ele faz parte da nova liderança do jogo do bicho e possui ligações com bingos clandestinos e o mercado ilegal de cigarros.
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Veteranos seguem ativos no Carnaval
Mesmo com a ascensão de novos nomes, bicheiros veteranos também marcaram presença na Sapucaí. Anísio Abrahão David, de 87 anos, patrono da Beija-Flor, esteve presente na Avenida, assim como Ailton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães, de 83 anos, ligado à Vila Isabel. O samba-enredo da escola fez uma menção direta ao “capitão”, destacando seu papel na história da agremiação.
Disputa e investigações
O Ministério Público do Rio de Janeiro avalia que a influência de Rogério de Andrade e Adilsinho representa uma mudança geracional no controle do jogo do bicho. Essa transição tem sido marcada por conflitos violentos, incluindo o assassinato de Fernando de Miranda Iggnácio, genro de Castor de Andrade, em 2020. A polícia suspeita que Rogério de Andrade tenha sido o mandante do crime, em uma disputa pelo poder dentro da estrutura criminosa.
Financiamento das escolas de samba
As agremiações raramente divulgam a origem exata dos recursos que financiam suas atividades. Embora recebam verbas públicas, a falta de transparência impede um rastreamento preciso de possíveis relações com figuras controversas. As escolas não comentam publicamente sobre patrocínios e doações suspeitas.
Entenda o caso: a presença dos bicheiros no Carnaval
- História antiga: O jogo do bicho e o Carnaval do Rio possuem ligações históricas, com figuras como Castor de Andrade financiando escolas de samba por décadas.
- Nova liderança: Rogério de Andrade e Adilsinho emergem como nomes influentes, substituindo bicheiros mais antigos.
- Conflitos internos: Disputas entre grupos rivais já resultaram em vários assassinatos, incluindo o de Fernando de Miranda Iggnácio.
- Investigações em andamento: O Ministério Público continua acompanhando a influência dos bicheiros no Carnaval e suas atividades ilegais.