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Caso Marielle: testemunha e réu dividem ala em presídio federal

Na mesma unidade está o deputado federal Chiquinho Brazão

Testemunha e réu do caso Marielle dividem o mesmo presidio
Orlando Oliveira de Araújo - Major Ronald Paulo de Alves Pereira - deputado federal Chiquinho Brazão - Foto: Reprodução

Orlando Oliveira de Araújo, conhecido como Curicica, testemunha crucial no processo que investiga os assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, revelou em depoimento nesta terça-feira (20), no Supremo Tribunal Federal (STF), que está preso na mesma ala que um dos réus do caso, o major Ronald Paulo de Alves Pereira.

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Ambos estão detidos no presídio federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, separados por uma distância de apenas quatro metros entre as celas e dividindo até o horário do banho de sol.

Segundo informações da Procuradoria Geral da República (PGR), o major Ronald tinha a tarefa de monitorar a rotina de Marielle Franco, identificando uma oportunidade para executá-la em março de 2018. A PGR acusa ainda o deputado federal Chiquinho Brazão, também preso na mesma unidade, como um dos mandantes do crime, em conjunto com seu irmão, Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Rio de Janeiro.


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O promotor Olavo Pezzotti, representante da PGR, expressou preocupação com a proximidade entre a testemunha e o acusado, questionando a eficiência do Sistema Penitenciário Federal.


Estou estarrecido com a informação de que a testemunha e o acusado estão no mesmo espaço de convivência. Peço para que a inteligência do Sistema Penitenciário Federal, ou o que resta dela, para que fiquem em alas distintas. O sistema federal tem vagas de sobra”, declarou Pezzotti durante a audiência.


Durante seu depoimento, Curicica reafirmou acusações feitas anteriormente contra os delegados Giniton Lages e Rivaldo Barbosa, alegando que ambos tentaram interferir nas investigações dos assassinatos de Marielle e Anderson.

Ele também relatou que, enquanto estava em liberdade, trabalhava vendendo água e prestava serviços de segurança para comércios, além de detalhar sua ligação com o sargento da reserva Geraldo Pereira, morto em 2016 por Adriano da Nóbrega e integrantes do Escritório do Crime.

Curicica ainda criticou os métodos da Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro, afirmando que havia uma estratégia deliberada para evitar a conclusão de inquéritos relacionados ao Escritório do Crime. Segundo ele, os policiais esperavam 30 dias antes de solicitar imagens de câmeras de segurança, período após o qual as gravações já não estariam mais disponíveis, dificultando a identificação dos autores dos crimes.

A audiência foi interrompida após três horas devido a problemas técnicos na conexão entre o presídio federal e a sala de audiência do STF. Curicica deve continuar seu depoimento nesta quarta-feira (21), respondendo às questões levantadas pelas defesas dos irmãos Brazão e do delegado Rivaldo Barbosa.