O Ministério Público Federal (MPF) ampliou sua atuação para investigar o uso das emendas sob suspeita enviadas a prefeituras do Rio de Janeiro por quatro deputados federais, reafirmando sua postura no combate à corrupção. Entre os investigados está o deputado Alexandre Ramagem (PL), condenado a 16 anos e um mês pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento na tentativa de golpe, agora sob nova suspeita por repasses milionários. O MPF busca esclarecer para onde foram destinados R$ 5,5 milhões encaminhados via orçamento secreto para Rio das Ostras, iniciando procedimentos administrativos para coibir irregularidades.
MPF expande apurações e cobra transparência
Além de Ramagem, figuram na mira do MPF os deputados Gutemberg Reis (MDB), Julio Lopes (PP) e Max Lemos (PDT). Documentos obtidos revelam que Julio Lopes direcionou duas emendas para Rio das Ostras — uma de R$ 297 mil e outra de R$ 1,6 milhão. A segunda está “suspensa por falta de apresentação de plano de trabalho”, segundo relatório do MPF. Para Max Lemos, está sendo investigado o envio de R$ 2 milhões ao município de Carapebus em 2024. Já Gutemberg Reis encaminhou recursos a Casimiro de Abreu, totalizando R$ 1,46 milhão em dois repasses neste ano.
Com a obrigação de total transparência, o MPF exigiu que as prefeituras apresentem dados precisos sobre as contas bancárias usadas para movimentar os valores, detalhamento de todo o montante recebido e a descrição exata da aplicação dos recursos. Além disso, as gestões municipais devem encaminhar prestação de contas integral na plataforma Transferegov.br.
Pontos-chave da investigação MPF:
Mais Notícias
- Quatro deputados federais do Rio investigados por possível uso irregular de emendas parlamentares.
- Alexandre Ramagem, já condenado pelo STF, sob nova apuração de R$ 5,5 milhões enviados ao Rio das Ostras.
- Julio Lopes com duas emendas a municípios, sendo uma suspensa.
- Max Lemos e Gutemberg Reis vinculados a repasses milionários para Carapebus e Casimiro de Abreu.
- MPF força prefeituras a detalharem uso e prestação de contas dessas verbas.
Contexto histórico e política local no foco da apuração
A crescente pressão do Ministério Público Federal reflete o aumento das denúncias relacionadas ao chamado orçamento secreto, cuja falta de transparência compromete o controle social sobre o destino de verbas públicas. Pequenos municípios, frequentemente alvos de repasses volumosos sem fiscalização rigorosa, enfrentam riscos elevados de desvios e má gestão. Esses elementos configuram um sistema vulnerável a práticas corruptas, que comprometem o desenvolvimento local e alimentam crises institucionais.
A presença de deputados envolvidos com histórico de processos judiciais reforça a necessidade de uma investigação profunda que não apenas identifique possíveis ilícitos, mas também trace uma linha clara entre o uso político das emendas e o interesse público legítimo. A atuação do MPF, ao exigir dados detalhados das prefeituras, busca fortalecer a accountability e garantir que o dinheiro público seja aplicado exclusivamente para o benefício da população fluminense.
Implicações políticas e sociais da investigação
O caso evidencia fragilidades do orçamento secreto, muito criticado por setores progressistas que o veem como instrumento que alimenta o clientelismo e perpetua desigualdades regionais. A atuação firme do MPF pode abrir precedente para que outras instituições do país reforcem sua vigilância, implementando mecanismos mais transparentes para repasses de recursos federais.
Politicamente, deputados sob suspeita enfrentam desgaste crescente, podendo ter impactos diretos em suas bases eleitorais e na composição da bancada fluminense no Congresso. Socialmente, o aumento da transparência e consequentemente da confiança nas instituições pode elevar o engajamento da população na fiscalização dos gastos públicos.




