O Flamengo foi multado em R$ 902 mil pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) após ser responsabilizado pelo despejo irregular de esgoto na Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul do Rio de Janeiro. A fiscalização constatou que efluentes sanitários estavam sendo lançados em quatro galerias de águas pluviais sob responsabilidade do clube.
De acordo com documentos do Inea, as irregularidades começaram a ser registradas em 2022. Antes da penalidade, o Flamengo foi notificado três vezes para corrigir a situação. Em uma vistoria realizada em fevereiro deste ano, análises laboratoriais identificaram a presença de amônia, substância usada como marcador da presença de esgoto.
Segundo o oceanógrafo e professor da PUC-Rio, Renato Carreira, o elemento químico funciona como um traçador.
— Se os níveis estão elevados, isso indica lançamento de esgoto. Além disso, age como fertilizante, estimulando o crescimento excessivo de plantas e algas e prejudicando o equilíbrio do ecossistema — explicou.
A concessionária Águas do Rio informou que o clube regularizou o problema em maio, mas ainda não quitou a multa. Em nota, o Flamengo disse que a questão já foi resolvida e que não iria se manifestar sobre a penalidade aplicada.
Durante a inspeção, um gerente do clube afirmou que as tubulações da sede são antigas e que uma solução definitiva exigiria uma ação conjunta entre Flamengo, Prefeitura e a concessionária de água.
O Inea esclareceu que o valor da multa considerou tanto o volume de esgoto lançado sem tratamento quanto os danos ambientais causados à lagoa. O clube ainda pode recorrer da decisão.
Dados da Águas do Rio mostram que, somente em 2025, foram registradas 34 irregularidades de despejo na Lagoa Rodrigo de Freitas, contra 109 no ano passado. Desde a revitalização das elevatórias que coletam esgoto na região, mais de 5 milhões de litros de efluentes deixaram de ser lançados no ecossistema.