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Por que o STJ liberou a tirolesa no Pão de Açúcar?

Decisão judicial mantém obras questionadas por ambientalistas e privilegia lucro no cartão-postal do Rio.

RIO DE JANEIRO, 11 de junho de 2025 – Em mais um episódio que expõe o conflito entre interesse público e exploração turística privatizada, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorizou a continuação das obras da tirolesa no Pão de Açúcar, mesmo diante de alertas sobre danos ambientais, culturais e sociais. A decisão, tomada pela Segunda Turma do STJ, rejeita recurso do Ministério Público Federal (MPF) e mantém o aval da Justiça do Rio de Janeiro à empresa Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar e ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

O projeto, duramente criticado por moradores da Urca e ambientalistas, prevê quatro linhas de tirolesa interligando os morros do Pão de Açúcar e da Urca, numa descida de 55 metros que pode atingir 100 km/h. O tempo de travessia: menos de um minuto. O impacto no território, no entanto, pode durar décadas.

Tirolesa sobre o patrimônio

De acordo com o MPF, as obras já removeram quase 130 metros cúbicos de rochas dos morros entre 2022 e 2023 — o equivalente ao volume de uma piscina olímpica. A denúncia levou à suspensão liminar da construção em 2023. Mas com 95% das obras concluídas, o argumento do “fato consumado” prevaleceu.

Para o ministro Francisco Falcão, relator do caso no STJ, a interrupção causaria “mais prejuízos” do que a continuidade. Ele citou os tapumes e lonas de segurança como justificativa para manter o cronograma. O TRF2 já havia revertido decisão anterior com base na mesma lógica, priorizando os custos financeiros da paralisação em vez dos impactos ambientais e patrimoniais.

Quando o capital vence o bem comum

Essa tirolesa, no entanto, simboliza mais do que uma atração radical. Representa uma política de entrega de áreas públicas à iniciativa privada sob o pretexto do turismo. Ao favorecer uma empresa que explora comercialmente um patrimônio natural tombado, o Judiciário aprofunda a lógica de cidade-mercadoria, em que experiências pagas se sobrepõem ao acesso democrático ao espaço urbano.

Moradores da Urca afirmam que o projeto foi imposto sem consulta popular efetiva. Especialistas alertam para os riscos ecológicos e à integridade geológica dos morros. Ainda assim, o Iphan — responsável por proteger o patrimônio cultural — assinou embaixo.

Lucro para poucos, ruído para todos

A previsão é que até 100 pessoas por hora utilizem a tirolesa, o que aumentará o fluxo turístico e o barulho em uma das áreas mais sensíveis da Zona Sul do Rio. Segundo o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), o entorno abriga espécies da Mata Atlântica e formações geológicas raras. Mas isso parece pesar menos do que os interesses econômicos.

O Carioca Esclarece
A tirolesa do Pão de Açúcar faz parte de um plano mais amplo de concessões no Rio, que inclui também a Floresta da Tijuca e o Cristo Redentor. A promessa de modernização muitas vezes mascara a privatização de espaços coletivos.

FAQ

A tirolesa no Pão de Açúcar já está funcionando?
Ainda não. Embora 95% das obras estejam concluídas, a inauguração depende de vistorias finais e licenças operacionais. Fonte: Agência Brasil.

Quem é responsável pela obra da tirolesa no Pão de Açúcar?
A Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar, empresa concessionária do bondinho, conduz o projeto, com aval do Iphan e respaldo judicial. Fonte: TRF2.

Quais são os impactos ambientais da tirolesa no Pão de Açúcar?
Foram removidos cerca de 130 m³ de rochas, há risco à vegetação nativa e aumento do fluxo turístico em área sensível. Ambientalistas apontam desrespeito ao tombamento federal. Fonte: MPF.

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JR Vital
JR Vitalhttps://www.diariocarioca.com/
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.

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