Rio de Janeiro – O estado do Rio ocupa a quinta posição no ranking global de feminicídio, segundo dados apresentados pelo Ministério Público em audiência pública na Alerj. Durante o encontro, especialistas e parlamentares discutiram o aumento dos casos e cobraram mais recursos para a segurança e proteção das mulheres.
A Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro promoveu, nesta terça-feira (18), um debate sobre a escalada da violência contra mulheres no estado. Segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), um feminicídio ocorre a cada 72 horas, e 84% desses crimes acontecem dentro das residências das vítimas. Além disso, em 22% dos casos, os filhos presenciam os assassinatos.
Medidas propostas
A deputada Renata Souza (PSOL), presidente do colegiado, defendeu a ampliação das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs). “É fundamental que as vítimas tenham atendimento adequado e se sintam seguras”, afirmou.
Já a deputada Dani Balbi (PCdoB) criticou a insuficiência de verbas para políticas voltadas às mulheres, apontando que menos de 0,5% do orçamento estadual é destinado a esse segmento. Para ela, é essencial reforçar o investimento em segurança, educação e saúde.
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Relatos e preocupações
A sociológa Munah Malek, do Levante Feminista contra o Feminicídio, comparou a violência contra mulheres no Brasil a um “cenário de guerra”. “Pelo menos 1.400 mulheres são mortas por ano. Em uma década, já são 14 mil vidas perdidas”, destacou.
A audiência também contou com o depoimento de Graciele Silva, vítima de tentativa de feminicídio. Ela sobreviveu a um ataque a facadas cometido por um agressor que já possuía 34 passagens pela delegacia, sendo 16 por violência contra mulheres. “Poderia ser mais uma estatística. O Estado precisa agir”, alertou.
Ferramentas de proteção
A Secretaria de Estado da Mulher apresentou o aplicativo “Rede Mulher”, que permite denúncias e pedidos de socorro. A iniciativa busca aproximar vítimas das forças de segurança e fortalecer a rede de proteção.
A tenente Eduarda Iozzi, da Patrulha Maria da Penha, enfatizou a necessidade de treinamento especializado para policiais que lidam com casos de violência doméstica. “O primeiro contato da vítima é com a polícia. Precisamos garantir atendimento adequado”, afirmou.
Entenda o caso: feminicídio no Rio de Janeiro
- Alta incidência: Um feminicídio ocorre a cada 72 horas no estado.
- Principais cenários: 84% das mortes acontecem dentro de casa.
- Crianças impactadas: Em 22% dos casos, os filhos presenciam o crime.
- Falta de recursos: Apenas 0,5% do orçamento estadual é destinado às mulheres.
- Medidas propostas: Ampliação de DEAMs e fortalecimento da rede de proteção.
- Ferramentas: Aplicativo “Rede Mulher” e capacitação policial.