Na manhã deste domingo (7), uma operação conjunta do Batalhão de Choque da Polícia Militar, da Guarda Municipal e da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) retirou famílias sem-teto de um prédio ocupado na Avenida Venezuela, região portuária do Rio de Janeiro. A ação, determinada pelo prefeito Eduardo Paes e endossada pelo governador Cláudio Castro, resultou em confronto com parlamentares do PSOL, disparos de bombas de efeito moral, uma pessoa detida e duas feridas levadas ao Hospital Souza Aguiar.
O imóvel havia sido invadido por integrantes do Movimento de Luta dos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). Segundo a prefeitura, o prédio está destinado à instalação do futuro Centro Cultural Rio África, projeto anunciado em 2024 para valorizar a ancestralidade afro-diaspórica na área do Cais do Valongo. Apesar de já haver projeto arquitetônico selecionado, as obras ainda não começaram.
Durante a desocupação, o deputado federal Tarcísio Motta (PSOL-RJ) e o deputado estadual Professor Josemar tentaram acompanhar a operação. Vídeos divulgados mostram Tarcísio Motta sendo atingido por spray de pimenta disparado por agentes da Seop. Josemar aparece discutindo com guardas e sendo segurado pelo paletó enquanto a confusão aumenta, culminando no uso de bombas de efeito moral para dispersar manifestantes.
Mais cedo, Eduardo Paes publicou nas redes sociais críticas ao PSOL, acusando o partido de organizar a ocupação via MLB. O prefeito afirmou que “o governo federal é o maior latifundiário urbano da cidade do Rio e poderia destinar suas áreas para habitação popular, mas preferem ocupar e esculhambar com a cidade”. Cláudio Castro apoiou a ação imediata.
Parte da área vizinha pertence à União, onde já existem outras ocupações. O diretor da empresa Cury, responsável pelo imóvel, disse que os militantes teriam invadido o terreno errado. A propriedade desocupada integra um processo de doação à prefeitura para abrigar o futuro centro cultural, reafirmando a destinação oficial do local.