Seis pessoas são contaminadas com HIV após transplantes no Rio

11 de outubro de 2024
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Mais de 600 pessoas podem estar infectadas pelo vírus HIV após transplante
Foto: Reprodução / Internet

Seis pessoas foram contaminadas com o vírus HIV após cirurgias de transplante de fígado, rins e coração realizadas no Estado do Rio de Janeiro. Dois dos doadores eram soropositivos, mas os exames realizados pelo laboratório responsável testaram negativo para a presença do vírus.

De acordo com informações obtidas pelos jornalistas Rodolfo Schneider e Agatha Meirelles, da rádio “BandNews”, o número de pessoas infectadas pode chegar a 600. O primeiro caso foi notificado em 30 de setembro, e é a primeira vez que uma situação como essa acontece no Brasil. A falha teria ocorrido durante o processo de autorização e realização dos transplantes.

Neste caso, o procedimento inicial começa no atestado de morte encefálica do potencial doador. Após o contato com a família e a obtenção da autorização para realizar a cirurgia, o doador passa por análise clínica e biológica. Foi nesta etapa em que a falha foi cometido.

Conforme apurado pela BandNews, um dos pacientes que recebeu o transplante de coração apresentou sintomas de mal-estar nove meses após a cirurgia. Ao procurar atendimento médico, foi diagnosticado com HIV. A partir dessa notificação, outros 288 pacientes estão sendo testados pelo Hemorio para verificar se também foram infectados.


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Após a descoberta, a Secretaria de Estado de Saúde iniciou um rastreamento dos pacientes que receberam os órgãos transplantados. O laboratório PCS, responsável pelos exames, possui contrato com o governo estadual desde 2021 e foi contratado para realizar os procedimentos de transplante, que custaram R$ 11 milhões.

O laboratório foi interditado pela Anvisa após fiscalização, que identificou irregularidades, incluindo a falta de kits para exames.

O que diz os envolvidos

Em contato com o Diário Carioca , a PCS laboratórios informou que O laboratório PCS Lab abriu sindicância interna para apurar as responsabilidades do caso envolvendo diagnósticos de HIV em pacientes transplantados ocorridos no Estado do Rio de Janeiro. Trata-se de um episódio sem precedentes na história da empresa, que atua no mercado desde 1969.

O laboratório informou à Central Estadual de Transplantes os resultados de todos os exames de HIV realizados em amostras de sangue de doadores de órgãos entre 1º de dezembro de 2023 e 12 de setembro de 2024, período em que prestou serviços à Fundação de Saúde do Governo do Estado. Nesses procedimentos foram utilizados os kits de diagnóstico recomendados pelo Ministério da Saúde e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O PCS Lab dará suporte médico e psicológico aos pacientes infectados com HIV e seus familiares; e reitera que está à disposição das autoridades policiais, sanitárias e de classe que investigam o caso.

Em nota enviada ao DC, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) confirmou o ocorrido e considerou o caso “inadmissível” e afirmou que “uma comissão multidisciplinar foi criada para acolher os pacientes afetados”. Segundo a SES, medidas imediatas foram adotadas para garantir a segurança dos transplantados. O laboratório privado, contratado por meio de licitação pela Fundação Saúde, teve o serviço “suspenso logo após a ciência do caso” e foi “interditado cautelarmente”. A partir de então, os exames passaram a ser realizados pelo Hemorio.

Além disso, a Secretaria informou que está conduzindo “um rastreio com a reavaliação de todas as amostras de sangue armazenadas dos doadores”, a partir de dezembro de 2023, data em que o laboratório foi contratado. Uma sindicância foi instaurada para identificar os responsáveis, e a SES destacou que, por questões de sigilo, “não serão divulgados detalhes das circunstâncias”.

A SES também frisou que essa é uma situação inédita, ressaltando que o serviço de transplantes no estado do Rio “sempre realizou um trabalho de excelência” e, desde 2006, “salvou as vidas de mais de 16 mil pessoas”.

O Ministério da Saúde determinou a instalação de “auditoria urgente pelo Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus) em todo o sistema de transplante do Rio, e a apuração de eventuais irregularidades na contratação do referido laboratório, entre outras providências”.

André Luiz

Formado em Jornalismo pela Universidade Veiga de Almeida, já atuei em algumas mídias como SZRD, Mais Carnaval, O Fluminense e Instituto Mulheres Jornalistas.

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