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Sete anos sem justiça: mães de jovens mortos em São João de Meriti viram símbolo de resistência

18 de junho de 2025 – São João de Meriti (RJ) — Sete anos se passaram desde que dois jovens foram executados por agentes de segurança em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, e até hoje o Estado não ofereceu nenhuma resposta. Victor Hugo de Jesus, de 17 anos, e Vitor Oliveira de Souza, de 18, foram assassinados a tiros no dia 17 de junho de 2018, no bairro Vila São João, durante uma perseguição policial.

O caso permanece sem solução. Passados sete anos, as famílias seguem esperando uma investigação minimamente séria. Até agora, houve apenas uma audiência, há mais de um ano, sem qualquer avanço significativo na apuração conduzida pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF).

Do luto à luta: mães que não se calam

Diante da omissão do Estado, as mães — Ilsimar de Jesus e Elisabete Farias de Oliveira — transformaram a dor em resistência. Tornaram-se lideranças na luta por justiça, pela preservação da vida e contra a violência de Estado que massacra a juventude negra e periférica.

Desde o assassinato de seu filho, Ilsimar conta com a assessoria jurídica do advogado e defensor de direitos humanos João Tancredo. Já Elisabete é acompanhada pela Defensoria Pública e pelo Ministério Público no enfrentamento ao sistema que, até hoje, ignora o assassinato de seus filhos.

Rede de mães contra o genocídio

Ambas integram a Rede de Mães da Baixada Fluminense, coletivo que denuncia o genocídio da juventude negra e periférica, vítima de uma política de segurança pública baseada na lógica do extermínio.

Ilsimar também coordena a Rede Nacional de Mães e Familiares de Vítimas do Terrorismo de Estado e participa da Rede de Proteção Integral a Defensores e Defensoras de Direitos Humanos da Baixada Fluminense (RPIDDH-BF), criada justamente para proteger militantes ameaçados em razão de sua atuação na defesa dos direitos humanos.

A impunidade que impera na Baixada Fluminense

A demora na apuração da morte de Victor Hugo e Vitor Oliveira é reflexo de uma realidade cruel: a impunidade é regra quando as vítimas são jovens, negros e pobres da Baixada Fluminense.

A DHBF acumula centenas de inquéritos parados, especialmente envolvendo homicídios cometidos por agentes do Estado. Casos de desaparecimentos forçados e execuções extrajudiciais seguem sem investigação efetiva, perpetuando um ciclo de violência, racismo e negligência institucional.

Justiça, memória e reparação

As duas mães se tornaram símbolo de resistência não só em São João de Meriti, mas em toda a Baixada Fluminense. Lutam não apenas por justiça para seus filhos, mas também para que outras famílias não precisem enfrentar a dor da perda, o abandono do Estado e a revitimização constante.

Elas exigem políticas públicas que vão além da repressão: acesso à saúde mental, assistência social, reparação e garantia de direitos. E seguem denunciando o racismo estrutural que naturaliza a morte de jovens negros nas periferias.

O Diário Carioca reforça a importância de dar visibilidade a essas histórias, que representam não só a luta dessas mães, mas de toda uma geração condenada pela violência de Estado e pela omissão da justiça.


O Carioca Esclarece:
A Baixada Fluminense lidera os índices de letalidade policial no Brasil. A ausência de investigação eficiente em casos como o de Victor Hugo e Vitor Oliveira revela um padrão de negligência institucional que atinge, sobretudo, a juventude negra e periférica.


Entenda o Caso

O que aconteceu com Victor Hugo e Vitor Oliveira em São João de Meriti?
Eles foram executados por agentes de segurança durante uma perseguição no bairro Vila São João, em São João de Meriti, no dia 17 de junho de 2018. Até hoje, não há qualquer avanço na investigação.

Por que o caso não avançou na justiça?
O processo está travado na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, que não apresentou soluções concretas. A morosidade reflete um padrão de impunidade quando as vítimas são jovens negros da periferia.

Quem são as mães que lideram essa luta?
Ilsimar de Jesus e Elisabete Farias de Oliveira se tornaram ativistas dos direitos humanos, participando de coletivos como a Rede de Mães da Baixada Fluminense, a Rede Nacional de Mães e Familiares de Vítimas do Terrorismo de Estado e a Rede de Proteção Integral a Defensores e Defensoras de Direitos Humanos da Baixada Fluminense.

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Redacaohttps://www.diariocarioca.com
Equipe de jornalistas do Jornal DC - Diário Carioca

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