O governo do Rio de Janeiro estuda iniciar a reocupação da Zona Sudoeste, conforme determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento da ADPF das Favelas. O Itanhangá, marcado por conflitos entre Comando Vermelho, milícias e Terceiro Comando Puro (TCP), será a área piloto do projeto, que combina ações de segurança e desenvolvimento urbano.
Conflitos e importância estratégica
Nos últimos dois anos, o Comando Vermelho avançou sobre pelo menos dez comunidades na Zona Sudoeste, criando um “cinturão” que liga o Recreio dos Bandeirantes ao Maciço da Tijuca. A região é considerada estratégica, tanto para demonstração de força quanto para facilitar fugas em operações policiais.
Enquanto isso, milícias e o TCP reforçam sua presença com homens armados e controle territorial, aumentando os desafios para a segurança pública.
Objetivo do projeto de retomada
Segundo o secretário de Segurança Pública, Victor Santos, a iniciativa vai além de ações policiais:
“Não é só uma ocupação da polícia. Precisamos integrar presença do Estado, serviços públicos e ordenamento urbano, criando um gabinete de gestão territorial com União, Estado e município.”
O plano busca garantir segurança e desenvolvimento social, econômico e urbano, beneficiando a população local e prevenindo a expansão de facções criminosas.
Preparação e estudo de viabilidade
O governo estruturou cinco eixos temáticos para atender aos 18 pontos da ADPF:
- Segurança e justiça
- Desenvolvimento social
- Urbanismo e infraestrutura
- Desenvolvimento econômico
- Governança e sustentabilidade
Após finalização, o projeto será apresentado ao Conselho Nacional do Ministério Público e, se aprovado pelo STF, poderá ser executado ainda este ano.
Exemplo prático: operação Ordo
O projeto piloto se inspira na operação Ordo, realizada no ano passado em bairros da Zona Sudoeste, incluindo Cidade de Deus, Gardênia Azul e Muzema.
A ação envolveu forças de segurança, concessionárias de serviços e órgãos públicos, servindo como ensaio para a retomada planejada no Itanhangá.
Avanços recentes nas medidas determinadas pelo STF
Nesta quarta-feira, a Secretaria de Segurança Pública entregou relatório detalhando ações com prazo de 180 dias:
- Instalação de câmeras em 2.839 viaturas da PM até novembro
- Criação do Programa de Saúde Mental para agentes
- Presença obrigatória de ambulâncias em operações de risco
O programa prevê acompanhamento psicológico, psiquiátrico e capacitação em atendimento pré-hospitalar, com cinco bases estratégicas de resgate distribuídas pelo estado.
Compromisso do governo com a população
O governador Cláudio Castro reforçou o compromisso do governo:
“Estamos avançando de forma concreta na implementação das medidas determinadas pelo STF, com foco na preservação da vida e segurança dos cidadãos, com transparência e eficiência em todas as ações.”
O projeto da reocupação da Zona Sudoeste representa uma tentativa de combater o domínio de facções criminosas, integrar serviços públicos e fortalecer a presença do Estado em áreas de alto risco no Rio de Janeiro.


