O relato emocionante da influenciadora Graciele Lacerda sobre as dificuldades que enfrentou na amamentação da filha Clara reacendeu um debate essencial para mães e famílias: quais são os riscos e impactos do desmame precoce?
Na experiência compartilhada nas redes, Graciele contou que, apesar do desejo de manter a amamentação exclusiva, precisou introduzir fórmula infantil devido a problemas de sucção da bebê — um obstáculo mais comum do que se imagina, mas que não deve ser encarado como “normal”.
A fisioterapeuta Dra. Alessandra Paula Santos, especialista em pós-parto, amamentação e fundadora da Clínica Cria, alerta que essas dificuldades precisam ser investigadas com seriedade.
“Problemas de sucção não são normais e, se não forem identificados e tratados, podem gerar prejuízos na amamentação e até na introdução alimentar futura. Isso impacta diretamente na saúde do bebê”, explica a especialista em entrevista ao Diário Carioca.
Riscos do desmame precoce
De acordo com Dra. Alessandra, a amamentação exclusiva até os seis meses, como recomenda a OMS, não é apenas uma escolha, mas uma proteção imunológica e nutricional indispensável.
“O leite materno não é só alimento. Ele ensina o sistema imunológico a funcionar, protege contra infecções, alergias e doenças futuras. A introdução precoce da fórmula pode sobrecarregar o metabolismo do bebê e não oferece a mesma qualidade de nutrientes”, afirma.
Sinais de alerta que não devem ser ignorados
Entre os principais sinais de que algo não vai bem na amamentação estão:
- Dificuldade na pega
- Sono excessivo ao mamar
- Gritos ou choro no peito
- Ganho de peso abaixo do esperado
- Mastites ou fissuras recorrentes na mãe
“São indicativos de que pode haver desde uma disfunção na musculatura oral até anquiloglossia (freio lingual curto), além de questões emocionais, estresse ou manejo inadequado”, pontua Dra. Alessandra.
Existem soluções, sim!
Quando o início da amamentação é difícil, nem tudo está perdido. Há recursos para manter ou recuperar o aleitamento materno:
- Ordenha frequente para estimular a produção de leite
- Sonda de relactação, que permite o bebê sugar no peito enquanto recebe complemento
- Terapias manuais, laserterapia e taping para aliviar dores e melhorar a função mamária
- Acompanhamento com equipe multidisciplinar, incluindo fonoaudiólogos, pediatras, consultoras de amamentação e nutricionistas
“Não é sobre romantizar a amamentação. É sobre garantir que a mulher receba suporte certo, na hora certa. A culpa não é da mãe, é da falta de suporte e informação qualificada”, reforça.
Quando o desmame acontece
Seja por necessidade, escolha ou limitações reais, o desmame não é o fim do cuidado. A introdução alimentar deve ser feita com atenção redobrada:
- Foco em alimentos ricos em ferro, zinco, gorduras boas e proteínas
- Atenção ao desenvolvimento motor oral, para evitar dificuldades na fala e mastigação
- Acompanhamento próximo com pediatra e nutricionista infantil
“O que não pode acontecer é o abandono da mãe. Seja qual for o caminho — amamentar, complementar ou desmamar —, ele deve ser trilhado com informação, empatia e apoio profissional”, conclui Dra. Alessandra Paula.

Quem é Dra. Alessandra Paula?
- Fisioterapeuta | CREFITO 392075-F
- Especialista em amamentação pelo Hospital Albert Einstein
- Formação em Aleitamento Humano e Obstáculos pela Escola Bianca Balassiano
- Criadora do método “Descomplicando a Amamentação”, que já formou mais de 500 profissionais
- Fundadora da Clínica Cria, única no país especializada em aleitamento humano e cuidado com recém-nascidos
- Atua com técnicas de laserterapia, taping, eletrotermoterapia e manejo de dor no pós-parto
O Carioca Esclarece
Problemas na amamentação são comuns, mas não são normais. Sempre busque avaliação com profissionais qualificados.
FAQ — Perguntas Frequentes
Dificuldade na sucção é normal?
Não. Sempre deve ser investigada, pois pode indicar freio lingual curto, disfunções orais, ou outros problemas que comprometem a amamentação.
Meu bebê não consegue mamar, devo desistir?
Não necessariamente. Existem técnicas como relactação, ordenha e apoio profissional que ajudam a manter o aleitamento.
Se eu desmamar, meu bebê estará prejudicado?
A introdução da fórmula pode suprir parte das necessidades, mas é importante garantir uma introdução alimentar rica e acompanhamento com pediatra e nutricionista.