O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, criticou nesta segunda-feira (29) a decisão dos Estados Unidos de impor restrições ao seu visto e destacou os riscos do negacionismo na saúde pública. Sem poder viajar, ele participou por videoconferência do 62º Conselho Diretor da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), realizado em Washington.
“Não precisamos de restrição a autoridades, nem bloqueios a países. O que precisamos é restringir as doenças, como o sarampo que se espalha a partir da América do Norte”, afirmou.
Padilha destacou que a medida não impedirá o Brasil de defender a ciência:
“Podem impor tarifas abusivas, mas não vão impedir nossa vocação para a cooperação entre os povos das Américas.”
Críticas ao negacionismo
O ministro brasileiro voltou a criticar a desinformação e lembrou os impactos da pandemia de covid-19:
“Quando o negacionismo é impulsionado por líderes de governo, vimos isso na pandemia, milhares de vidas e a unidade entre as nações são perdidas.”
Padilha também alertou para cortes em pesquisas de vacinas e em programas de imunização, chamando-os de retrocesso para a ciência e ameaça à vida.
No mês passado, ele já havia criticado o ex-presidente Donald Trump por reduzir recursos voltados ao desenvolvimento de vacinas.
Defesa da ciência e do clima
Padilha ressaltou que o Brasil retomou o aumento da cobertura vacinal após seis anos de quedas consecutivas e defendeu a cooperação internacional em saúde.
O ministro também relacionou mudanças climáticas e saúde pública:
“Precisamos avançar juntos na adaptação dos nossos sistemas de saúde aos riscos ambientais”, disse, convocando autoridades a participarem da COP30, que ocorrerá em novembro, em Belém.
Portas abertas e políticas públicas
Segundo o ministro, o Brasil mantém “as portas abertas” à ciência, convocando empresas e pesquisadores de vacinas de RNA mensageiro a investirem no país.
Ele destacou ainda a duplicação do programa Mais Médicos, que ampliou a presença de profissionais na atenção primária, além da iniciativa Agora Tem Especialistas, voltada à redução de filas de consultas, exames e cirurgias no SUS.
Padilha também apresentou dados de avanços recentes: queda de 75% nas mortes por dengue e redução da transmissão vertical do HIV no Brasil.


