São Paulo, 18 de junho de 2025 – Principal evento de corrida de rua da América Latina, a Maratona do Rio promete ser a maior edição de sua história, com 60 mil corredores inscritos. O evento que começa amanhã (19) e terá provas de 5 km, 10 km, meia maratona (21 km), maratona completa (42,195 km) e o Desafio Cidade Maravilhosa, que reúne os percursos de 21 km e 42 km em dois dias consecutivos.
Seja qual for o objetivo, estrear numa prova, melhorar o tempo ou simplesmente cruzar a linha de chegada, a preparação é essencial. O ortopedista e médico do esporte do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dr. João Polydoro*, alerta que o planejamento prévio e os cuidados com o corpo fazem toda a diferença no desempenho e na prevenção de lesões. “A corrida, especialmente em distâncias mais longas, exige atenção à progressão do treino, ao uso de calçados adequados, à recuperação muscular e ao repouso.”, afirma o especialista.
Para quem está começando na corrida
Corredores casuais ou que decidiram participar da Maratona do Rio como desafio pessoal devem priorizar a segurança. O primeiro passo, segundo o Dr. João Polydoro, é buscar avaliação médica, especialmente homens com mais de 45 anos e mulheres acima dos 55 anos. O mais importante nesse momento é garantir que o corpo esteja apto para a prática segura.
“A avaliação médica ajuda a identificar condições médicas pré-existentes que podem ser agravadas pelo exercício físico, além de determinar a intensidade e duração adequadas dos treinos, minimizando risco de complicações, como a ocorrência de eventos cardiovasculares durante o exercício”, explica.
Alternar caminhada e corrida, fazer fortalecimento muscular e respeitar os dias de descanso são atitudes fundamentais. Além disso, treinar em condições semelhantes às da prova, no horário e terreno aproximado, ajuda o corpo a se adaptar melhor.
Para quem já tem uma rotina de treinos
Praticantes habituais de corrida, que já completaram algumas provas, devem dar atenção especial à estruturação dos treinos e à prevenção de lesões por sobrecarga, comuns nesse perfil. O Dr. João Polydoro destaca que o aumento do volume e da intensidade dos treinamentos sem o devido planejamento pode gerar sobrecargas repetitivas em articulações e tendões.
“Muitos corredores com experiência moderada aumentam o volume ou a intensidade dos treinos de forma intuitiva, sem ajustes adequados. Isso favorece lesões como tendinites, dores nos joelhos ou fraturas por estresse. A inclusão de fortalecimento, mobilidade e treinos de recuperação é essencial nessa fase”, orienta.
Segundo o especialista, treinos bem distribuídos, com dias de descanso, sessões regenerativas e estímulos variados, ajudam a preservar articulações e tendões. Outro ponto crucial é o uso de tênis adequados ao tipo de pisada e já testados em treinos longos, o dia da prova não é o momento ideal para estrear calçados.
Para quem busca performance
Para aqueles que seguem planilhas, monitoram dados, participam de provas com metas definidas e ajustam alimentação e descanso conforme a carga de treino, a abordagem deve ser altamente estratégica e individualizada.
“Mesmo nesses casos, a supervisão médica continua sendo importante. O excesso de treino sem períodos adequados de recuperação pode gerar acúmulo de microlesões, queda de rendimento e aumento do risco de lesões musculoesqueléticas”, destaca.
A recuperação precisa ser planejada com atenção ao sono, ingestão proteica e redução de volume nos dias anteriores à prova. “A performance é resultado do equilíbrio entre estímulo e recuperação. Dormir bem, se alimentar de forma adequada e respeitar os sinais do corpo são decisões tão importantes quanto correr forte”, conclui o médico.
Cuidados são para todos
Embora cada corredor tenha necessidades específicas conforme seu nível de experiência e condicionamento físico, algumas recomendações são universais para a saúde e o desempenho em qualquer distância. De acordo com o especialista, respeitar os limites do corpo, realizar uma progressão segura de treinos, manter boa hidratação e priorizar o descanso adequado são medidas essenciais para todos os participantes.
“A corrida é uma atividade de impacto e exige preparo físico e metabólico. Independentemente do pace ou da quilometragem, é o conjunto de cuidados, médicos, físicos e nutricional, que garante uma participação segura e eficaz na prova”, afirma.
De acordo com o ortopedista, as lesões mais comuns em corridas de longa distância são fascite plantar, tendinite e fraturas por estresse. O especialista também destaca a síndrome da banda iliotibial, dor causada pelo atrito repetitivo do ligamento iliotibial, tecido que percorre a lateral da coxa até o joelho, e condromalácia patelar, que afeta a cartilagem da patela, causando dor na frente dos joelhos.
Orientações práticas
Na véspera:
- Faça refeições leves e ricas em carboidratos.
- Evite alimentos gordurosos ou que causem desconforto.
- Durma cedo e separe com antecedência os itens para a corrida: número de peito, gel, roupas e tênis.
No dia da prova:
- Mantenha o café da manhã leve, com itens já testados, como frutas, pães integrais ou iogurte.
- Hidrate-se de forma moderada: nem demais, nem de menos.
- Faça um aquecimento leve antes da largada.
- Use roupas confortáveis e protetor solar, mesmo em dias nublados.
- Em caso de dores intensas durante a prova, interrompa o exercício e procure ajuda médica.
Após a corrida:
- Faça alongamentos leves.
- Reponha líquidos e alimentos nas horas seguintes.
- Respeite o tempo de descanso, o corpo precisa de alguns dias para se recuperar de verdade, especialmente após a maratona.
*Dr. João Polydoro, CRM 126524 – RQE 94918 e 94919