O secretário estadual de Polícia Civil do Rio de Janeiro, delegado Felipe Curi, concedeu nesta terça-feira (23) a medalha Coragem a 44 policiais civis.
Entre os agraciados está o próprio Felipe Curi, que foi baleado três vezes em um confronto no Complexo do Alemão em 2016.
A honraria é concedida a agentes que demonstram “atos excepcionais de desprendimento, espírito de sacrifício e coragem” em situações de risco de vida durante operações policiais. Não há valor monetário associado à medalha.
Critérios e justificativa da Polícia Civil
Em nota, a Secretaria de Polícia Civil explicou que a lista de beneficiados “foi encaminhada pelo serviço de assistência social da Polícia Civil, baseada nos últimos 20 anos, agraciando todos aqueles que foram baleados”.
No caso do secretário, a secretaria ressaltou que, mesmo ocupando o cargo de chefe da corporação, as marcas e sequelas dos ferimentos graves sofridos permanecem.
Entre os agraciados estão delegados, comissários, inspetores, investigadores, oficiais de cartório e pilotos policiais, todos reconhecidos pelo cumprimento do dever em ambientes adversos e de risco.
Contexto: gratificações e aumento de honrarias
Segundo levantamento da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), atualmente em média dois agentes recebem honrarias a cada três dias, um aumento expressivo comparado a seis anos atrás, quando ocorria em média cinco vezes ao ano.
Além disso, na mesma terça-feira, a Alerj aprovou texto que prevê gratificações salariais de 10% a 150% para policiais civis que “neutralizarem” criminosos em confrontos, uma medida criticada por entidades de direitos humanos e especialistas em segurança.
Repercussão
Críticos veem a concessão da medalha a si mesmo como um gesto simbólico questionável, embora a secretaria defenda a objetividade do critério, centrado em ferimentos ocorridos no cumprimento do dever. A medida ocorre em um contexto de crescente valorização financeira e simbólica da letalidade policial no Rio.

