O pastor Silas Malafaia reagiu neste domingo (26) à reportagem do jornal O Globo que investigou a atuação de seu genro, o professor Anderson Silveira, docente da UFRRJ, na coordenação de um projeto com R$ 14 milhões em recursos públicos do Ministério do Esporte. Em publicação no X, Malafaia acusou o veículo de usar seu nome para dar ênfase à matéria e empregou o termo “denegrir”, considerado por especialistas como expressão de conotação racista.
Projeto do genro e captação de recursos
De acordo com a reportagem de O Globo, Anderson Silveira lidera o Previt (Programa Esporte Para a Vida Toda), cujo orçamento de R$ 14 milhões é mais que o dobro do segundo maior projeto da universidade. O programa prevê 75 núcleos em mais de 20 municípios, incluindo bolsas no valor de R$ 11,7 milhões, cerca de R$ 7 milhões destinados a participantes externos à UFRRJ, além de 14 núcleos em igrejas.
Segundo críticos, o volume atípico de bolsas provocou reação interna na Fapur, fundação de apoio da universidade, culminando na renúncia coletiva da diretoria em agosto. Avaliações acadêmicas questionam o retorno do projeto em termos de pesquisa e impacto científico.
Defesa de Silveira e envolvimento político
Silveira negou influência direta do sogro, afirmando que parlamentares apenas sugerem regiões para implementação. Ele explicou que o Ministério do Esporte orientou ampliar bolsas e reduzir compras de equipamentos para evitar devolução de verbas, em função de dificuldades operacionais da fundação.
Em nota, a deputada Laura Carneiro (PSD-RJ) declarou que apenas pleiteou recursos, cabendo à UFRRJ a execução e contratações. A universidade reforçou que priorizou candidatos das comunidades atendidas, seguindo critérios de formação e experiência, sem vínculo pessoal com gestores ou parlamentares.
Reação de Malafaia e repercussão
O pastor classificou a cobertura de O Globo como “jornalismo canalha” e prometeu uma “resposta” à publicação. A reação inclui o uso do verbo “denegrir”, que tem origem no latim denigrare (“tornar escuro”) e é considerado por estudiosos um termo com conotação racista, similar a debates sobre expressões como “judiar”.
Especialistas em comunicação e diversidade ressaltam que o uso de termos com histórico de discriminação em debates públicos reforça a necessidade de responsabilidade jornalística e ética nas redes sociais, especialmente quando envolve figuras públicas influentes e projetos financiados com recursos públicos.

