Justiça

STF começa julgamento sobre candidaturas sem partido

Corte analisa recurso que questiona exigência de filiação partidária para cargos majoritários; decisão sai até 22 de novembro

JR Vital - Diário Carioca
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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
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Foto: Gustavo Moreno/STF
Atualizado em 14/11/2025 09:44

O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou nesta sexta-feira (14) o julgamento de um recurso que pode abrir espaço para candidaturas sem partido no Brasil, questionando a atual exigência constitucional de filiação partidária para disputas a presidente, governador, prefeito e senador.

O julgamento trata do Recurso Extraordinário (RE) 1.238.853, que contesta se a exigência de filiação partidária prevista no artigo 14 da Constituição é compatível com direitos políticos garantidos na Carta e no Pacto de San José da Costa Rica, tratado de direitos humanos que o Brasil assinou. O caso, relatado pelo ex-ministro Luís Roberto Barroso, envolve dois cidadãos que em 2016 tentaram disputar a Prefeitura do Rio de Janeiro sem vínculo partidário, mas tiveram seus pedidos negados pelo TRE e pelo TSE.

Desde então, o tema tramitou no STF com reconhecimento da repercussão geral, definindo que a decisão afetará todo o sistema eleitoral. O julgamento é no plenário virtual, com duração prevista até 22 de novembro, quando todos os ministros deverão registrar seus votos.

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No voto inicial, Barroso defende a manutenção do sistema rígido de filiação partidária, destacando o papel dos partidos na organização da democracia representativa, na agregação de interesses e na governabilidade. Para ele, a Constituição é clara e a mudança dessa regra deve ocorrer pelo Congresso, não por decisão judicial. Ele alerta que candidaturas sem partido podem aumentar a fragmentação e personalismos.

Entretanto, defensores das candidaturas avulsas argumentam que cerca de 90% das democracias adotam modelos mistos que permitem candidaturas independentes, geralmente exigindo um número mínimo de assinaturas para evitar candidaturas simbólicas. Alegam que o modelo atual produz crise de representatividade, restringe o acesso político e limita a renovação, além de contrariar compromissos internacionais.

Os argumentos contrapõem riscos de enfraquecimento dos partidos, aumento do personalismo, fragmentação eleitoral e complexidade para fiscalização, contra ganhos em diversidade, participação política e redução do monopólio partidário.

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Os possíveis cenários para o julgamento incluem:

  • Manutenção do modelo atual com reafirmação do monopólio dos partidos;
  • Liberação de candidaturas independentes com regras a serem debatidas posteriormente pelo Congresso;
  • Reconhecimento do direito, mas com modulação da aplicação;
  • Devolução da questão à esfera política para decisão legislativa.

Essa decisão tem potencial de impactar diretamente as eleições de 2026, podendo mudar o panorama político e eleitoral brasileiro.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.