Anáguas de Morim de graça nos palcos do Rio de Janeiro

Anáguas de Morim nasceu de um desafio que era desenvolver e apresentar um projeto em meio à pandemia e no formato online. O ano era 2021 e o processo era novo e muito difícil, onde os envolvidos tiveram que se reinventar para continuar produzindo e aprender a utilizar a tecnologia a favor. 

Após sua estreia neste formato, o espetáculo teatral enfim chega aos palcos do Rio de Janeiro e a atriz Claudia Gomes da Cunha comemora: 

“Como o público faz falta! Será incrível retomar e sentir a energia de pessoas presentes, suas reações e o modo que encontrarão para se inserirem no espetáculo também.” 

Contemplado no II Edital de Fomento à Cultura Carioca (FOCA), por intermédio da Secretaria Municipal de Cultura da Cidade do Rio de Janeiro, o espetáculo realizará várias apresentações com entradas gratuitas em diversos equipamentos culturais municipais. 

“Todos os lugares onde a peça será apresentada, são lugares periféricos da Zona Norte e da Zona Oeste do Rio. São lugares que precisam de cultura e eu fico muito feliz por estar contribuindo para esse lugar maravilhoso que tanto me acolhe.” – Complementa Cláudia. 

Essa temporada será uma homenagem ao diretor, o contador de histórias Francisco Gregório Filho, falecido em 12 de novembro de 2022 aos 73 anos. 

Anáguas de Morim é um monólogo, em tom biográfico e poético, baseado na vida da própria autora e de duas gerações de mulheres que a antecederam. Uma visita ao passado em busca de si própria. O projeto começou em 2009, com o falecimento de Estelita Maria de Jesus, avó da autora. Por ocasião do luto, ela sugeriu que a mãe escrevesse suas memórias todas às vezes que a saudade a invadisse, como escrita terapêutica. Durante algum tempo, Irani escreveu relatos que Claudia resolveu completar e transformar em um livro. Iniciou-se então um processo de pesquisa com outros parentes maternos. 

Na infância da autora, as poucas viagens que realizou foram para visitar seu bisavô no Assentamento do INCRA Pip-Nuk. Lá, aprendeu a contar histórias, descobriu como vivia o povo antigo, a luta do MST, as agruras e a beleza de quem lida com a terra. Essa paixão pelas memórias de infância, os registros obtidos da pesquisa realizada com sua mãe e parentes inspiraram a criação da peça “Anáguas de Morim”. Inspirado nos relatos contidos no e-book “No Tempo das Anáguas”, o espetáculo é dividido em três partes: O Conto da Mulher Abelha, O Conto do Rio que só seguia seu curso, O Conto da Mulher que andava com dificuldades. 

“ É uma peça para refletir, onde estão as nossas dores, nas curas que precisamos e que cantar faz qualquer momento ser melhor.” diz a autora e atriz também fala sobre a importância de editais, como o “FOCA”, que fomentam a cultura: 

“A cultura de um povo, é sua identidade. Nela reside a sua força. Os editais têm o poder de democratizar a cultura, dar acesso a quem não pode pagar, levar cultura até zonas menos privilegiadas, desenvolver a economia local através da contratação de serviços e remunerar os profissionais e artistas: tudo isso, transforma o indivíduo de maneira positiva e faz o território mais forte.” 

No momento, novas datas estão sendo agendadas em outros espaços culturais. Vale ressaltar que a entrada para todos os espetáculos é gratuita, porém sujeita a lotação, e que a classificação etária indicativa é de 16 anos. Agendamentos com grupos ou escolas devem ser realizados diretamente com a coordenação de cada local de apresentação. Ao final do espetáculo, haverá um bate-papo com o público promovendo o compartilhamento de histórias e pensamentos sobre ancestralidade feminina e o caminho da mulher

SERVIÇO 

ARENINHA CARIOCA HERMETO PASCOAL 

Data: 31/03 – Horário: 10h 

Endereço: Praça Primeiro de Maio, s/n – Bangu, Rio de Janeiro – RJ – Telefone: (21) 3463-4945