Rio de Janeiro – Em delação premiada à Polícia Federal, o ex-policial militar Ronnie Lessa revelou um esquema de grilagem de terras na zona oeste do Rio de Janeiro, envolvendo fraudes no cartório mais lucrativo do país. A prática criminosa, segundo Lessa, está ligada ao assassinato da vereadora Marielle Franco em 2018, informou a Folha de S. Paulo.
O que você precisa saber:
- Fraudes em cartório: Grilagem de terras na Zona Oeste revelada por Ronnie Lessa.
- Assassinato de Marielle: Lessa liga esquema de grilagem ao assassinato da vereadora.
- Investigação em curso: PGR acusa irmãos Brazão de serem os mandantes do crime.
- Cartório envolvido: 9º RGI nega qualquer envolvimento em práticas ilícitas.
Fraudes no cartório
Lessa identificou três pessoas responsáveis por manipular documentos no 9º RGI (Registro Geral de Imóveis), responsável pelo controle de propriedades em 21 bairros do Rio de Janeiro. Segundo o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), o cartório teve um faturamento de R$ 75,9 milhões no segundo semestre do ano passado, sendo o maior do país.
Negativas e investigações
A Associação de Registradores de Imóveis do Rio de Janeiro (Airj) e o 9º RGI negaram qualquer envolvimento com as práticas criminosas mencionadas. Em nota, afirmaram estar disponíveis para colaborar com as autoridades na investigação.
Mandantes do assassinato
A PGR (Procuradoria-Geral da República) acusou os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão de serem os mandantes do assassinato de Marielle Franco, alegando que a vereadora prejudicava os interesses da família relacionados à grilagem de terras. Os irmãos negam qualquer envolvimento no caso.
Modus operandi da grilagem
Em seu depoimento, Lessa descreveu como Jorge Panaro, seu filho e um homem apelidado de “Geleia” manipulavam documentos no 9º RGI para regularizar terrenos invadidos por milicianos. O ex-PM explicou que o processo envolvia limpar o terreno e aguardar a reação do proprietário. Se ninguém se manifestasse, o despachante era chamado para iniciar a regularização.
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Conflitos e motivações
A Polícia Federal destacou que o conflito entre Marielle e os Brazão culminou em 2008, quando Domingos Brazão foi mencionado no relatório da CPI das Milícias. Documentos encontrados na casa de Domingos descrevem operações imobiliárias com indícios de grilagem de terras. Segundo a PF, a divergência sobre o projeto de lei complementar 174/2016, de autoria de Chiquinho Brazão, foi a principal motivação do crime.