Pequim – Não foi apenas um protocolo diplomático: a recepção de Xi Jinping a Luiz Inácio Lula da Silva, nesta terça-feira (13), no Grande Palácio do Povo, foi um ato cuidadosamente calculado de prestígio e projeção.
Ao lado das tropas em marcha, bandeiras coreografadas e cobertura global, Lula foi tratado como um chefe de Estado de peso internacional — uma figura central para os interesses geopolíticos da China.
Com um roteiro digno de superpotência, Pequim transformou a visita de Lula em uma declaração estratégica: o Brasil, sob sua liderança, não é coadjuvante no palco global. Ao contrário: assume protagonismo como interlocutor do Sul Global, peça-chave em uma ordem internacional que a China deseja menos ocidental e mais multipolar.
Xi eleva Lula a figura-chave do novo equilíbrio global
A presença de Lula em Pequim é carregada de simbolismo e cálculo político. Desde o tapete vermelho até o desfile militar, a China deixou claro: considera o presidente brasileiro uma peça diplomática de alto valor. A recepção marca uma guinada em relação à irrelevância protocolar que o Brasil experimentou em governos anteriores.
Palácio do Povo vira palco de sinalização geopolítica
A cerimônia ocorreu no Grande Palácio do Povo, epicentro do poder político chinês. É lá que a China mostra ao mundo com quem quer dialogar de igual para igual. Ao incluir Lula nessa galeria restrita, Xi envia uma mensagem dupla: reposiciona o Brasil e enfraquece simbolicamente o domínio do eixo EUA-Europa.
Diplomacia com conteúdo: não é só encenação
Além do espetáculo visual, a visita carrega compromissos concretos: 16 atos de cooperação prontos para assinatura, e outros 32 documentos em negociação. Mas o recado mais forte não está nos papéis: está na imagem cuidadosamente transmitida de que Lula voltou ao tabuleiro central da política internacional.
Brasil-China afinam tom e desafiam a ordem vigente
A declaração conjunta, que será divulgada após os encontros, defenderá multilateralismo, reformas na governança global e soluções pacíficas para conflitos internacionais. Em outras palavras: um alinhamento estratégico entre dois países que, cada um a seu modo, desafiam a arquitetura de poder vigente.
