Brasília, 11 de junho de 2025 – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou apoio público à ex-presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, condenada à prisão e inelegibilidade em meio a acusações marcadas por forte interferência judicial e interesses políticos.
Um telefonema entre perseguidos políticos
A ligação de Lula à aliada argentina não foi apenas um gesto diplomático: foi um grito de alerta sobre o avanço do lawfare — uso estratégico da Justiça para eliminar adversários políticos — na América Latina. Em publicação na rede X, o presidente brasileiro descreveu a conversa com Kirchner como “serena e determinada”, elogiando sua postura diante de uma condenação amplamente criticada como ilegítima.
“Telefonei hoje no final da tarde para a companheira Cristina Kirchner e manifestei toda a minha solidariedade”, escreveu. “Notei, com satisfação, a maneira serena e determinada com que Cristina encara essa situação adversa.”
Lawfare: a mesma arma, os mesmos alvos
A palavra “lawfare” não é nova para Lula. Ele mesmo foi vítima de um processo judicial escancaradamente manipulado, reconhecido inclusive pelo Supremo Tribunal Federal, que declarou a suspeição do ex-juiz Sergio Moro. As semelhanças entre os casos de Lula e Kirchner não são coincidência: ambos pertencem ao campo progressista, ambos enfrentaram condenações contestadas por juristas, ambos foram excluídos de eleições estratégicas.
As investigações contra Cristina Kirchner, que a levaram à condenação, também são denunciadas por juristas argentinos como juridicamente frágeis, além de impulsionadas por setores midiáticos e políticos ligados à direita neoliberal e ao capital estrangeiro.
Solidariedade além das fronteiras
Além de Lula, diversas lideranças latino-americanas denunciaram a perseguição contra Kirchner. O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, declarou que “os poderosos querem calar quem defende os pobres”. A nova presidenta do México, Claudia Sheinbaum, também prestou solidariedade, afirmando que o que está em jogo “não é uma pessoa, mas a democracia na região”.
O chanceler cubano Bruno Rodríguez Parrilla foi ainda mais direto: “Cristina é alvo de um golpe jurídico. A história a absolverá.”
No Brasil, a repercussão foi imediata. Deputados do PT, do PSOL e da Federação Brasil da Esperança declararam que a ofensiva judicial contra Cristina revela que a América Latina continua sendo alvo de ingerência judicial para desestabilizar governos populares.
Por trás do golpe jurídico, interesses internacionais
A experiência brasileira com a Lava Jato serviu de alerta. Diversos documentos e reportagens revelaram que os investigadores brasileiros agiram em articulação com autoridades dos Estados Unidos, em nome de interesses que extrapolavam a soberania nacional.
No caso argentino, a lógica parece se repetir. A condenação de Cristina surge justamente no momento em que a direita liberal volta ao poder com Javier Milei, aprofundando o desmonte do Estado, vendendo ativos públicos e reaproximando-se de agendas norte-americanas.
A presença de Cristina Kirchner como figura política popular e combativa representa um obstáculo real a essa agenda.
A luta continua, agora em rede
Ao incluir o nome de Cristina Kirchner entre as vítimas de lawfare, Lula fortalece uma narrativa de solidariedade regional entre líderes perseguidos por defenderem os interesses populares contra o avanço do neoliberalismo e da tutela judicial.
Para leitores do Diário Carioca, essa denúncia não é nova. Já cobrimos os abusos da Lava Jato, as manobras de Sergio Moro e a tentativa de silenciar vozes progressistas no continente. E continuaremos a fazê-lo.
O Carioca Esclarece
Lawfare é o uso estratégico do Judiciário para fins políticos. No Brasil, o STF confirmou que Lula foi alvo dessa prática. Cristina Kirchner enfrenta processo semelhante na Argentina.
Entenda o Caso
O que é lawfare?
Lawfare é o uso do sistema jurídico como arma para perseguir inimigos políticos. Foi o que aconteceu com Lula no Brasil, e, segundo juristas e lideranças latino-americanas, também com Cristina Kirchner.
Cristina Kirchner pode ser presa?
Sim, a condenação prevê prisão e inelegibilidade. No entanto, ainda há recursos em andamento, e a defesa alega que o processo está repleto de ilegalidades e parcialidades.
Por que Lula ligou para Cristina Kirchner?
Lula se solidarizou com a ex-presidenta argentina por entender que ela também é vítima de perseguição judicial. Ambos compartilham histórias de luta contra o lawfare e por governos populares.
