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Guerra Estratégica

Netanyahu usa ataque ao Irã para blindar seu império político

Após perder apoio global por genocídio em Gaza, Netanyahu lança ofensiva contra Irã como tática de sobrevivência interna

Pressionado pelo desgaste global após acusações de genocídio em Gaza e crise política doméstica, Benjamin Netanyahu recorreu à ofensiva contra o Irã para, mais uma vez, consolidar seu domínio e moldar sua narrativa como “salvador” de Israel.


Netanyahu realinha seu discurso: inimigo externo para salvar sua base

Netanyahu foi amplamente criticado por liderar um dos conflitos mais letais em Gaza, com mais de 50 mil mortes palestinas, incluindo milhares de crianças — uma campanha fortemente vista como genocida por governos e ONGs. Agora, o premier troca o foco: de Gaza para Teerã.

A ofensiva denominada “Operação Leão Ascendente” atingiu alvos nucleares e militares no Irã — um país tradicionalmente usado por Netanyahu como bode expiatório do fantasma nuclear. Críticos apontam que ele se aproveita de uma narrativa de “existência ameaçada” para silenciar opositores internos e tentar se livrar de acusações legais e impeachment .


A frágil legitimidade doméstica

De acordo com o Times of India, líderes europeus, incluindo Alemanha, manifestaram repúdio ao genocídio em Gaza — e a paciência internacional se esgota. Até dentro de Israel houve vozes dissidentes, como do ex-primeiro-ministro Ehud Olmert e do general Yair Golan.

Com sua coalizão cada vez mais instável, crises por corrupção e denúncias de crimes de guerra, Netanyahu precisava urgentemente de uma narrativa que recolhesse o país ao seu redor — e nada melhor do que a guerra como fator de coesão .


Legado histórico e manobra contra o isolamento

Nas décadas anteriores, Netanyahu utilizava o discurso anti-Irã no campo diplomático — mesmo instigando Trump a abandonar o acordo nuclear de 2015. Agora, esse discurso virou realidade militar. A ofensiva ocorreu inclusive quando Trump tentava reabrir negociações nucleares — e Netanyahu preferiu sabotá-las.

A ofensiva, além de atrair aprovação imediata dentro de Israel, ecoou uma lógica histórica: líderes fragilizados frequentemente recriam inimigos externos. Mas, neste caso, o custo pode ser alto — escalada regional e maior isolamento diplomático .


O risco de um conflito sem fim

Países ocidentais, atentos à deriva de Israel, agora reequilibram entre crítica a Gaza e receio da escalada iraniana. A ofensiva adiou, por ora, sanções econômicas — mas aumentou riscos de guerra prolongada .

Na região, fragilidades no Irã e colapso das alianças iranianas abriram brechas — mas não garantem vitória nem paz . Muitos alertam que Netanyahu busca uma “vitória curta” cuja conta, cedo ou tarde, será cobrada — interna e mundialmente .


Netanyahu sempre moldou sua imagem ao redor da defesa de Israel — seja contra palestinos, inimigos regionais ou, agora, o Irã. Esta nova ofensiva é o ápice da política do “inimigo acessível”: usar guerra como máscara para crises internas, criando uma cortina de fumaça sobre acusações de genocídio e corrupção.

Mas a história mostra que governar através do medo traz retorno potencialmente devastador — isolamento internacional, radicalização regional e risco iminente de envolvimento militar externo. Resta saber se Netanyahu conseguirá transformar esse novo conflito em suporte político duradouro — ou se será lembrado como o líder que arrastou o país para uma espiral interminável.

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JR Vital
JR Vitalhttps://www.diariocarioca.com/
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.

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