16 de junho de 2025, Brasília – O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) voltou ao centro de uma nova denúncia por transfobia, desta vez movida pela psicóloga Andreone Medrado, uma mulher trans e negra, doutora pela USP, que pede R$ 60 mil por danos morais e a retirada de um vídeo considerado ofensivo. O conteúdo foi publicado pelo parlamentar em suas redes sociais, onde aparece usando termos depreciativos para se referir à profissional.
No vídeo citado, Nikolas afirma de forma agressiva: “Ai de você que reclamar de um negão desse aqui entrar aí no banheiro da sua filha, né?”, fazendo referência direta a Andreone. A frase foi considerada não apenas transfóbica, mas também racista, e provocou reações imediatas nas redes sociais e em entidades ligadas à defesa dos direitos humanos e da população LGBTQIA+.
A ação judicial movida por Andreone destaca que a fala do deputado reforça estereótipos violentos e discurso de ódio, além de colocar em risco a segurança de pessoas trans. Segundo o Diário Carioca, a psicóloga alega que a exposição pública feita por um parlamentar em tom ameaçador representa uma violação grave de sua dignidade e integridade.
Nikolas Ferreira já foi condenado por transfobia
Essa não é a primeira vez que Nikolas Ferreira se envolve com casos semelhantes. O parlamentar foi obrigado judicialmente a indenizar a deputada Duda Salabert (PSOL-MG) por ataques transfóbicos, e também enfrentou uma ação movida pelo Ministério Público após fazer declarações ofensivas contra pessoas trans no plenário da Câmara dos Deputados.
Embora Nikolas insista em utilizar o discurso da “liberdade de expressão”, juristas lembram que liberdade de expressão não é salvo-conduto para crimes de ódio. A reincidência do deputado levanta questionamentos sobre o uso institucionalizado de discursos discriminatórios por representantes eleitos.
Ataques sistemáticos à população trans no Brasil
O caso de Andreone não é isolado. O Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo, segundo levantamento da Transgender Europe e da ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais). O uso da figura trans como inimigo público por setores conservadores, especialmente no Legislativo, tem reforçado um ambiente hostil e perigoso.
Em nota, organizações como o Instituto Marielle Franco, o Observatório de Direitos Humanos da Câmara e o Grupo Gay da Bahia manifestaram solidariedade a Andreone Medrado, cobrando providências do Congresso e da Procuradoria-Geral da República contra parlamentares que violam sistematicamente os direitos constitucionais das minorias.
Quem é Andreone Medrado
Andreone Medrado é psicóloga, pesquisadora, mulher trans e negra. Doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP), atua na promoção da saúde mental da população LGBTQIA+ e em projetos voltados à inclusão e diversidade. Sua atuação pública ganhou visibilidade nas redes sociais e em universidades, onde defende a necessidade de reparação histórica e políticas públicas afirmativas.
Nikolas e a estratégia do confronto
Desde sua eleição, Nikolas Ferreira construiu sua imagem pública à base de provocações, falas discriminatórias e uma estratégia de marketing digital voltada ao confronto. Com milhões de seguidores, o deputado usa as redes sociais para alimentar uma base fiel que interpreta discursos de ódio como “opinião”.
Mas para movimentos sociais, não se trata apenas de discurso: trata-se de violência simbólica com efeitos concretos na vida de pessoas reais — como Andreone.
O Carioca Esclarece
Transfobia é crime no Brasil, equiparado ao crime de racismo pelo Supremo Tribunal Federal desde 2019. A imunidade parlamentar não protege declarações criminosas.
FAQ
Nikolas Ferreira pode ser condenado por transfobia novamente?
Sim. A reincidência pode agravar sua situação jurídica. Transfobia é crime conforme decisão do STF, e parlamentares não estão acima da lei. Fontes: STF, CNJ.
Quem é Andreone Medrado?
Psicóloga, mulher trans e negra, doutora pela USP. Atua na área de saúde mental e direitos LGBTQIA+, com reconhecimento acadêmico e social.
Quantas vezes Nikolas Ferreira foi processado por transfobia?
Pelo menos duas anteriormente: uma envolvendo a deputada Duda Salabert e outra relacionada a um discurso na Câmara. Agora, enfrenta mais uma ação judicial.
