Brasília, 23 de junho – A Executiva Municipal do PT em Curitiba subiu o tom contra o governo de Israel e os Estados Unidos. Em nota divulgada nesta segunda-feira (23), o diretório cobra do presidente Lula o rompimento imediato das relações diplomáticas, comerciais e militares com Israel, em reação aos bombardeios contra o Irã e ao massacre contínuo na Faixa de Gaza.
A escalada militar promovida pelos Estados Unidos e Israel no Oriente Médio chegou ao centro do debate político brasileiro. A Executiva Municipal do PT em Curitiba divulgou uma nota contundente exigindo que o governo Lula vá além das condenações formais e rompa de forma imediata as relações com Israel, acusado de praticar um genocídio contra o povo palestino.
O documento, assinado pelo presidente do diretório municipal, o vereador Angelo Vanhoni, que disputa a reeleição no comando do PT curitibano, também classifica como “agressão imperialista” os ataques norte-americanos contra o Irã.
“A ofensiva dos EUA e de Israel é uma afronta ao direito internacional e um ataque direto à soberania do Irã, além de aprofundar o massacre contra os palestinos em Gaza”, afirma o texto.
O documento reflete o crescente desconforto da base petista com a postura considerada excessivamente moderada do Palácio do Planalto, que até aqui se limitou a condenações diplomáticas, sem adotar sanções ou medidas práticas.
Nos bastidores, o movimento do PT Curitiba pressiona diretamente o Diretório Nacional do partido, acendendo um alerta sobre o risco de desgaste interno no governo Lula, especialmente junto às bases historicamente comprometidas com a causa palestina e com o enfrentamento ao imperialismo estadunidense.
Além de Vanhoni, a nota é assinada por outros dirigentes e parlamentares petistas da capital paranaense, como as vereadoras Vanda de Assis e Professora Josete, que também disputam o comando do PT local. A guerra no Oriente Médio, portanto, já influencia diretamente a disputa interna da legenda.
Israel, EUA e a hipocrisia internacional
O estopim da crise diplomática foi o bombardeio de instalações nucleares no Irã, ordenado pelos Estados Unidos sob o governo de Donald Trump, e a intensificação dos ataques israelenses em Gaza, que já acumula milhares de mortos civis.
Ao mesmo tempo em que ataca o Irã, Israel segue aprofundando seu projeto colonial e genocida contra o povo palestino, ignorando sistematicamente o direito internacional e as resoluções da ONU.
Ainda assim, o governo brasileiro, que formalmente condenou os bombardeios, mantém relações comerciais, diplomáticas e militares com Tel Aviv — fato que, segundo o PT Curitiba, é incompatível com qualquer discurso em defesa dos direitos humanos ou da paz.
A nota destaca que “não há espaço para neutralidade quando há um genocídio em curso”. O texto convoca a militância petista a organizar debates e núcleos de mobilização pela paz e pelo fim da cumplicidade do Brasil com Israel.
Bastidores da pressão sobre Lula
Fontes ouvidas pelo Diário Carioca apontam que o desconforto não é isolado. Parlamentares, setores da base petista e movimentos sociais pressionam o Planalto a endurecer o tom e adotar medidas concretas — incluindo sanções, bloqueio de acordos militares e suspensão de relações diplomáticas com Israel.
Internamente, o governo Lula tenta equilibrar o discurso crítico ao imperialismo com a cautela diplomática, buscando evitar isolamento internacional, especialmente em meio às tensões geopolíticas no BRICS+ e à pressão de aliados comerciais.
Porém, a ofensiva de setores do próprio PT evidencia que a neutralidade diplomática pode gerar um custo político crescente no campo interno.
O Diário Carioca segue acompanhando os desdobramentos.
O Carioca Esclarece:
O rompimento de relações diplomáticas é um ato formal em que um país encerra todos os vínculos oficiais com outro, incluindo embaixadas, acordos comerciais e militares. É uma medida extrema no direito internacional e costuma ocorrer em situações de guerra, genocídio ou violação flagrante de tratados internacionais.