Washington, 24 de junho de 2025 – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, expressou forte insatisfação com Israel e Irã após o fracasso do cessar-fogo anunciado entre os dois países.
Trump se diz “descontente” com aliados e rivais
O presidente Donald Trump declarou publicamente nesta terça-feira (24) que tanto Israel quanto o Irã desrespeitaram os termos do cessar-fogo negociado na véspera. “Não estou feliz com Israel. Não estou feliz com o Irã também, mas realmente não estou feliz com Israel”, afirmou, em tom de frustração.
O acordo, costurado com intermediação dos Estados Unidos e do Catar, previa a suspensão imediata dos ataques a partir da manhã desta terça-feira. Contudo, as hostilidades se mantiveram, contrariando o que havia sido anunciado.
A trégua foi articulada após uma ligação entre Trump e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. Segundo relatos de bastidores, Israel teria condicionado a adesão ao cessar-fogo à paralisação dos ataques iranianos, o que, segundo fontes diplomáticas, chegou a ser aceito preliminarmente por Teerã.
Diplomacia pressionada e sinais contraditórios
Além de Trump, participaram das negociações o vice-presidente dos EUA, JD Vance, o secretário de Estado, Marco Rubio, e o enviado especial Steve Witkoff. As conversas envolveram interlocuções diretas com o Catar e comunicações indiretas com autoridades iranianas.
Fontes diplomáticas revelaram que Trump recorreu ao emir do Catar, solicitando que intermediasse um entendimento com Teerã. A pressão teria surtido efeito inicial, levando o governo iraniano a sinalizar positivamente para a trégua durante um telefonema que também contou com a participação do primeiro-ministro catariano.
Apesar disso, o chanceler iraniano, Abbas Araqchi, negou formalmente qualquer acordo para suspender as ações militares. A negativa gerou perplexidade na diplomacia americana, que já havia divulgado, inclusive, um comunicado celebrando o fim do conflito.
Uma guerra de 12 dias e um acordo que não se sustentou
O conflito, iniciado em 13 de junho, teve origem em uma ofensiva preventiva de Israel contra instalações nucleares no Irã, com o argumento de conter o avanço do programa atômico iraniano. A resposta de Teerã foi imediata, com bombardeios sobre Tel Aviv, Haifa e Jerusalém.
De acordo com balanços preliminares divulgados por autoridades dos dois países, a guerra já deixou dezenas de mortos e milhares de feridos, com um número elevado de vítimas civis.
Em meio à escalada, os Estados Unidos também intervieram diretamente no fim de semana, atacando a usina nuclear de Fordow, no Irã — uma instalação subterrânea usada para enriquecimento de urânio. Como retaliação, Teerã lançou mísseis contra uma base militar americana no Catar na segunda-feira (23).
Segundo fontes do governo dos EUA, os projéteis foram interceptados, e não houve vítimas. Autoridades revelaram ainda que Teerã teria avisado previamente sobre o ataque, numa tentativa de sinalizar que se tratava de uma resposta simbólica, voltada mais à retórica interna do que à escalada efetiva do conflito.
Trump anuncia fim da guerra… que não acabou
Nas redes sociais, Trump chegou a anunciar que a guerra estaria “oficialmente encerrada” em até 24 horas. “Partindo do princípio de que tudo funcionará como deve, o que acontecerá, gostaria de parabenizar ambos os países, Israel e Irã, por terem a Resistência, Coragem e Inteligência para encerrar o que deve ser chamado de A GUERRA DE 12 DIAS”, escreveu.
No entanto, na prática, o cessar-fogo não se consolidou. Os ataques prosseguiram, e o próprio governo americano, pressionado pelos acontecimentos, passou a reconhecer que o acordo não foi respeitado por nenhuma das partes.
O Diário Carioca segue acompanhando os desdobramentos desse conflito, que representa mais um capítulo da instabilidade permanente no Oriente Médio, com impactos geopolíticos de alcance global.
O Carioca Esclarece
O termo “ofensiva preventiva”, frequentemente utilizado por Israel, refere-se a ataques realizados antes que uma ameaça se concretize, sob a justificativa de impedir danos futuros. Trata-se de uma doutrina militar controversa, contestada por organismos internacionais.
FAQ – Perguntas Frequentes
O cessar-fogo entre Israel e Irã ainda está valendo?
Não. Embora tenha sido anunciado, o acordo foi descumprido por ambas as partes e está, na prática, sem efeito.
Por que os Estados Unidos atacaram uma usina no Irã?
Segundo o governo americano, o ataque visou desativar a capacidade de enriquecimento de urânio do Irã, considerada uma ameaça para Israel e aliados.
Existe risco de uma guerra maior?
Sim. A continuidade dos ataques, mesmo após tentativas de cessar-fogo, amplia os riscos de uma escalada regional, envolvendo não apenas Israel e Irã, mas também potências como os EUA e aliados do Golfo.