Brasília, 26 de junho de 2025 — A cúpula do PL trabalha nos bastidores para postergar o julgamento de Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF) com apoio do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Segundo parlamentares da legenda, Motta é visto como peça-chave para atrasar a tramitação dos processos contra o ex-presidente, em especial os relacionados à tentativa de golpe de Estado.
A articulação ocorre com respaldo silencioso do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), segundo apurou o Diário Carioca. Ambos, no entanto, evitam declarações públicas de apoio direto a Bolsonaro e adotam postura cautelosa diante do avanço da investigação no Judiciário.
PL vê julgamento como protocolar
“Esse julgamento é só protocolar. A condenação está pronta”, afirmou o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante, que expressa abertamente o temor de que Bolsonaro seja condenado a qualquer momento.
Nos bastidores, integrantes da bancada bolsonarista afirmam que o partido já admite a possibilidade de uma pena severa e tenta ao menos ganhar tempo para reorganizar sua base e defender o ex-presidente politicamente até as eleições de 2026.
Projeto de anistia não contempla Bolsonaro
Hugo Motta também está à frente da articulação de um projeto de anistia voltado aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro. O texto, mantido em sigilo até agora, já teria recebido o aval de Bolsonaro, mas não inclui o ex-presidente entre os beneficiados.
A proposta visa apenas os manifestantes presos por envolvimento direto nas invasões e depredações, deixando de fora os articuladores da tentativa de ruptura institucional, como o próprio Bolsonaro.
Manobra legislativa ou confronto com o governo?
Se o projeto for pautado por Motta, a medida será interpretada como nova ofensiva contra o governo federal, especialmente após o desgaste com a votação do veto ao aumento do IOF. A movimentação também reforça o alinhamento do presidente da Câmara com a ala bolsonarista, apesar da sua imagem pública moderada.
Aliados de Lula já se articulam para travar a tramitação da proposta caso ela entre na pauta. O Diário Carioca apurou que há resistência inclusive dentro do Centrão, que teme desgaste junto ao Supremo Tribunal Federal e à opinião pública.
Risco real de prisão e inelegibilidade
Jair Bolsonaro é réu no STF pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de subversão da ordem constitucional, formação de organização criminosa armada e dano ao patrimônio público.
Caso condenado, pode pegar mais de 40 anos de prisão, além de ver sua inelegibilidade ampliada para além de 2030. O avanço do processo tem mobilizado a direita institucional, que ainda busca alternativas para manter a liderança do ex-presidente viva no cenário político.
O Carioca Esclarece
Mesmo ocupando a presidência da Câmara, Hugo Motta não tem poder formal para interferir diretamente em julgamentos do STF. No entanto, sua influência política pode retardar votações ou articulações que impactem o processo de Bolsonaro.
FAQ – Perguntas Frequentes
Hugo Motta pode impedir o julgamento de Bolsonaro no STF?
Não diretamente. Mas sua articulação política pode influenciar o ritmo do Congresso e criar obstáculos indiretos às investigações e julgamentos.
O projeto de anistia inclui Bolsonaro?
Não. O texto, ainda mantido sob sigilo, beneficia apenas os envolvidos nos atos de 8 de janeiro, excluindo líderes e articuladores, como o ex-presidente.
Bolsonaro pode ser preso mesmo sendo ex-presidente?
Sim. O STF julga Bolsonaro por crimes graves. Se condenado, poderá cumprir pena, inclusive em regime fechado, conforme a gravidade da sentença.