EUA abocanham 30% da premiação da FIFA e irritam brasileiros

por 27 de junho de 2025
EUA abocanham 30% da premiação da FIFA e irritam brasileiros | Diário Carioca
Gianni Infantino e Donald Trump - (Foto: The White House, Wikimedia Commons)

Nova York, 27 de junho de 2025 – A presença brasileira em solo americano durante o Mundial de Clubes transformou a festa esportiva em um negócio lucrativo para os Estados Unidos. Estima-se que cerca de 30% da premiação paga pela FIFA aos clubes tenha sido abocanhada em impostos pelo governo estadunidense, o que representa uma perda de quase R$ 180 milhões.

Os quatro times brasileiros – Palmeiras, Fluminense, Flamengo e Botafogo – receberam, juntos, US$ 107,4 milhões (R$ 593 milhões) da FIFA. No entanto, devido às regras fiscais do país-sede, apenas US$ 75 milhões (R$ 414 milhões) foram efetivamente destinados aos cofres dos clubes.

O prejuízo tributário gerou indignação entre dirigentes, torcedores e especialistas do setor esportivo. Em vez de fortalecer o futebol nacional, a promessa de recompensa se converte em mais lucro para o sistema norte-americano – que concentra parte expressiva do movimento financeiro do evento.

Torcedores também aquecem economia dos EUA

Além das cifras desviadas da premiação, a presença de aproximadamente 25 mil torcedores brasileiros injetou mais US$ 55 milhões (R$ 303 milhões) diretamente na economia dos Estados Unidos.

Setores como hotelaria, restaurantes e varejo foram beneficiados. Em pontos turísticos, como a famosa loja da Apple na 5ª Avenida, em Nova York, era comum observar brasileiros com sacolas repletas de compras.

Segundo dados do banco digital Nomad, o gasto médio individual de brasileiros em solo norte-americano gira em torno de US$ 2.198 (cerca de R$ 12 mil), sem contar passagens aéreas. E essas também renderam à aviação dos EUA, já que empresas norte-americanas operam a maioria dos voos entre os dois países.

Brasil: entre o futebol e o consumo

O impacto econômico da presença brasileira vai além dos estádios. Em 2022, o Brasil já figurava entre os seis maiores emissores de turistas em solo americano. Naquele ano, segundo o Departamento de Comércio dos EUA, brasileiros desembolsaram US$ 6,1 bilhões (R$ 33,5 bilhões) no país.

A realização do Mundial apenas intensificou esse fluxo. Mais uma vez, os Estados Unidos se beneficiam do prestígio do futebol brasileiro, mas em um modelo que favorece sua economia em detrimento dos clubes e torcedores que efetivamente movem a engrenagem do evento.

O Diário Carioca apurou que dirigentes da Confederação Brasileira de Futebol já discutem a necessidade de reavaliar a participação em torneios com alta carga tributária sobre as premiações.

A crítica mais recorrente entre os bastidores é que, na prática, o torneio acaba financiando a economia dos países-sede – mesmo quando a bola rola por mérito dos clubes sul-americanos.

O Carioca Esclarece

As regras tributárias dos EUA permitem a retenção de parte da renda obtida por estrangeiros no país, incluindo premiações esportivas. Os clubes não conseguem isenção completa sem acordo fiscal bilateral específico.


FAQ – Perguntas Frequentes

Qual é o valor total da premiação da FIFA para os clubes brasileiros?
US$ 107,4 milhões, o equivalente a cerca de R$ 593 milhões na cotação atual.

Quanto os clubes efetivamente recebem após os impostos nos EUA?
Aproximadamente US$ 75 milhões (R$ 414 milhões), com cerca de 30% retidos em tributos.

Por que os Estados Unidos lucram tanto com o Mundial de Clubes?
Além da tributação sobre a premiação, o turismo impulsionado pelos torcedores brasileiros movimenta bilhões em consumo, hospedagem e transporte.


JR Vital

JR Vital

JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.