Rio de Janeiro, 5 de julho de 2025 – Em visita a hospitais públicos da capital fluminense, Janja Lula da Silva denunciou o desprezo histórico à saúde das mulheres. Ao lado de Alexandre Padilha, a primeira-dama cobrou da indústria farmacêutica e do Estado políticas eficazes para combater o abandono de temas como contracepção e menopausa. O governo anunciou a inclusão do Implanon no SUS, com meta de 1,8 milhão de implantes até 2026.
Janja confronta desinteresse da indústria: “Homens não estão nem aí”
Durante cerimônia na Maternidade Paulino Werneck, na Ilha do Governador, Janja falou como mulher, cidadã e agente política: “Os homens não sabem e não estão nem aí para o corpo da gente”, afirmou. A declaração, feita ao lado da ministra Anielle Franco e da deputada Benedita da Silva, foi direcionada tanto ao setor público quanto à indústria privada.
“A indústria já criou remédio para homem ser viril até os 250 anos, enquanto nós chegamos aos 45 desesperadas com a menopausa”, afirmou.
A primeira-dama defendeu que o poder público trate com seriedade temas como cólicas incapacitantes, orientação precoce e métodos contraceptivos modernos. “Sou uma mulher na menopausa e me impressiona como o tema ainda é tabu”, declarou.
SUS terá Implanon gratuito em todo o país
O principal anúncio do dia foi a inclusão do Implanon — implante hormonal subcutâneo com duração de três anos — no rol de métodos contraceptivos ofertados pelo SUS. Hoje, o dispositivo custa entre R$ 2 mil e R$ 5 mil na rede privada.
Segundo o ministro Alexandre Padilha, a meta é alcançar 1,8 milhão de mulheres até 2026, priorizando adolescentes e pacientes com contraindicações ao uso de anticoncepcionais tradicionais.
“Não podemos mais permitir que mulheres morram no parto ou esperando uma mamografia”, disse Janja. “Essa política é sobre justiça e cuidado.”
Mutirão de cirurgias e reforço à atenção primária
Mais cedo, Janja e Padilha estiveram no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ, acompanhando o mutirão do programa Agora Tem Especialistas, que busca reduzir a fila de cirurgias e exames no SUS. O esforço mobiliza 45 hospitais universitários em 24 estados.
“Estamos utilizando toda a força do sistema público e firmando parcerias com o setor privado. Já são mais de 10 mil atendimentos realizados”, informou o ministro.
O Diário Carioca Esclarece
O que é o Implanon?
É um implante hormonal que evita a gravidez por até três anos. A versão disponibilizada pelo SUS será aplicada gratuitamente em unidades de atenção básica.
Quais são as vantagens do Implanon?
Menor índice de falha, menos efeitos colaterais que o DIU hormonal e ideal para mulheres com contraindicações ao uso de pílulas.
Quem terá acesso?
A prioridade será para mulheres em situação de vulnerabilidade, adolescentes e pacientes do SUS com necessidade médica comprovada.