Brasília — 8 de julho de 2025
Jair Bolsonaro agradeceu publicamente a Donald Trump pelas declarações contra o Supremo Tribunal Federal, em meio ao processo que o julga por tentativa de golpe de Estado. O gesto evidencia o aprofundamento do elo entre a extrema direita internacional e ataques às instituições democráticas.
Bolsonaro agradece Trump e volta a atacar o STF
Réu por tentativa de golpe de Estado, inelegível até 2030 e alvo de múltiplas investigações, Jair Bolsonaro usou as redes sociais nesta segunda-feira (8) para agradecer a Donald Trump pelas declarações em que o presidente dos Estados Unidos criticou a Justiça brasileira e ameaçou o governo Lula.
“Recebi com muita alegria a nota do presidente Trump”, escreveu Bolsonaro, saudando o apoio de um aliado condenado por crime sexual e processado por subversão institucional.
Bolsonaro também afirmou que o processo a que responde no Supremo Tribunal Federal (STF) é uma “aberração jurídica”, repetindo a retórica de perseguição política que o conecta diretamente ao discurso conspiratório da extrema direita internacional.
Entre doentes, réus e criminosos: a nova diplomacia da extrema direita
Em seu agradecimento, Bolsonaro traçou um paralelo direto entre sua condição e a de Donald Trump, ignorando o fato de que ambos enfrentam sérias acusações em seus países — o brasileiro, por liderar uma tentativa de golpe; o norte-americano, por incitar ataques ao Capitólio em 2021 e por crimes sexuais.
“Sua luta por paz, justiça e liberdade ecoa por todo o planeta”, escreveu Bolsonaro, ironicamente, ao endossar um presidente que impôs tarifas contra o Brasil e defendeu o desmonte de democracias.
A frase destoa dos fatos: a “luta” de Trump tem sido marcada por ameaças autoritárias, ataques ao sistema eleitoral norte-americano e tentativas explícitas de sabotar a ordem constitucional. Ao se alinhar a ele, Bolsonaro intensifica o roteiro golpista que levou o Brasil à beira do caos em janeiro de 2023.
Patriota de araque, foragido ideológico
Desde sua derrota eleitoral para Luiz Inácio Lula da Silva, Jair Bolsonaro atua politicamente a partir da retórica do caos. Enfraquecido, inelegível e com a saúde debilitada, tenta sobreviver politicamente agindo como operador internacional da extrema direita, atacando a soberania nacional e as instituições brasileiras — justamente aquelas que garantem sua liberdade até hoje.
Entre seus seguidores mais próximos está Eduardo Bolsonaro, deputado federal licenciado, atualmente nos Estados Unidos. De lá, ele tem feito seguidos ataques ao STF e é investigado pela Procuradoria-Geral da República por tentar articular sanções contra ministros da Corte, num gesto considerado inédito e grave.
Lula reage com altivez: “Não aceitamos interferência”
O presidente Lula respondeu com firmeza às ameaças veladas de Trump e ao servilismo de Bolsonaro. Em postagem na rede X, reafirmou a soberania do Brasil:
“Somos um país soberano. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja. Possuímos instituições sólidas e independentes.”
A ministra Gleisi Hoffmann também se manifestou, classificando como “ultrapassado” o tempo em que o Brasil se curvava aos interesses dos Estados Unidos. Reforçou que o processo judicial contra Bolsonaro segue rigorosamente o devido processo legal.
O Diário Carioca Esclarece
- Bolsonaro está inelegível?
Sim. Ele foi condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral em dois julgamentos por abuso de poder político e uso indevido da máquina pública em 2022. - Trump pode impor sanções ao Brasil?
Tecnicamente sim, mas qualquer ação desse tipo seria uma violação direta da soberania brasileira e um ataque diplomático sem precedentes. - O processo contra Bolsonaro é político?
Não. Trata-se de ação penal baseada em evidências, conduzida pelo Supremo Tribunal Federal com base na Constituição e nas leis penais brasileiras.
Perguntas Frequentes (FAQ)
Bolsonaro pode ser preso ainda este ano?
Sim. O julgamento está em fase final e, se condenado, pode haver pedido de prisão, dependendo da dosimetria da pena.
Por que Trump defendeu Bolsonaro?
Ambos compartilham o mesmo projeto autoritário, negacionista e golpista. A defesa é parte de uma aliança global da extrema direita.
O Brasil está sob risco de sanções internacionais?
Não há elementos objetivos para isso. As instituições brasileiras agem dentro da legalidade e contam com amplo reconhecimento internacional.
