Brasília — 9 de julho de 2025 – O Itamaraty anunciou a convocação de Gabriel Escobar, principal diplomata dos EUA no Brasil, para esclarecer nota da embaixada em apoio a Jair Bolsonaro.
Trump fala, a embaixada repete
A linha que separa opinião de interferência diplomática foi rompida nesta quarta (9), quando a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil divulgou nota oficial reproduzindo ataques do presidente Donald Trump ao sistema de justiça brasileiro — e em defesa aberta a Jair Bolsonaro (PL), réu no Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de Estado.
No texto, os norte-americanos afirmam que Bolsonaro e sua família são “fortes parceiros dos Estados Unidos” e classificam as investigações contra ele como “perseguição política vergonhosa”. O Itamaraty não hesitou: convocou o encarregado de Negócios da missão em Brasília, Gabriel Escobar, para prestar esclarecimentos urgentes.
Ingerência e reação
Escobar, atual chefe da missão diplomática enquanto Trump não indica novo embaixador, será recebido em caráter oficial. O governo brasileiro classificou o gesto como uma afronta à soberania nacional e um desrespeito às instituições do país. A chancelaria brasileira quer entender em que medida a nota representa um alinhamento formal da Casa Branca com a defesa de um réu por tentativa de golpe no Brasil.
Nova escalada: tarifas no horizonte
Trump, por sua vez, decidiu alimentar ainda mais a tensão. Poucas horas depois da polêmica nota, em conversa com jornalistas na Casa Branca, o republicano anunciou que o Brasil está entre os países que devem sofrer aumento de tarifas comerciais nos próximos dias. “O Brasil, por exemplo, não tem sido bom conosco, nada bom”, declarou. Disse ainda que um comunicado detalhado será divulgado em breve, com “fatos muito, muito substanciais”.
A ofensiva da ultradireita é diplomática
Enquanto Bolsonaro coleciona derrotas jurídicas e inquéritos no Supremo, Trump tenta reposicioná-lo no cenário internacional como mártir da direita global. A nota da embaixada é um movimento inédito: chancela oficial de Washington a um político brasileiro declarado inelegível e sob acusação de tentativa de subversão democrática.
No Planalto, a leitura é clara: os Estados Unidos estão testando os limites do Brasil — e a resposta diplomática será proporcional.
O Diário Carioca Esclarece
- Gabriel Escobar: Encarregado de Negócios da Embaixada dos EUA no Brasil. Assume interinamente o posto até nomeação formal de novo embaixador.
- Donald Trump: Presidente dos EUA. Tem defendido Bolsonaro publicamente e pressiona o Brasil com ameaças de tarifas comerciais.
- Inelegibilidade de Bolsonaro: Confirmada pelo Tribunal Superior Eleitoral, por abuso de poder político nas eleições de 2022.
- STF: Bolsonaro é réu por tentativa de golpe de Estado e envolvimento com militares e ex-ministros na trama.
FAQ (Perguntas Frequentes)
Por que o Itamaraty convocou o representante dos EUA?
Porque a embaixada americana publicou nota endossando críticas de Trump ao Judiciário brasileiro e acusando o país de “perseguir” Bolsonaro.
Trump pode impor tarifas ao Brasil?
Sim. Como presidente, Trump tem autoridade para impor tarifas unilaterais, embora medidas assim possam ser contestadas por vias diplomáticas e comerciais.
Quem é Gabriel Escobar?
É o atual chefe interino da Embaixada dos EUA no Brasil, até que Trump nomeie um novo embaixador. Será ele quem prestará esclarecimentos ao governo brasileiro.
