Fernando Haddad chama Tarcísio de “candidato a vassalo”

por 10 de julho de 2025
Fernando Haddad (Foto: Diogo Zacarias / Ministério da Fazenda)
Fernando Haddad (Foto: Diogo Zacarias / Ministério da Fazenda)
Atualizado em 25/11/2025 01:41

Brasília, 10 de julho de 2025 — Fernando Haddad criticou Tarcísio de Freitas por culpar Lula pela tarifa de Trump e afirmou que o Brasil não aceita vassalagem desde 1822.


Haddad: “Ou é candidato a presidente, ou a vassalo”

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acusou nesta quarta-feira (10) o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, de agir como subalterno de Donald Trump e Jair Bolsonaro. A reação veio após Tarcísio responsabilizar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos contra produtos brasileiros.

Durante entrevista à TV 247, Haddad ironizou: “Ou bem uma pessoa é candidata à presidência, ou é candidata a vassalo. E não há espaço no Brasil para vassalagem, desde 1822 isso acabou.”


Tarcísio repete discurso trumpista

A fala de Tarcísio surgiu em uma publicação nas redes sociais, onde o governador afirmou que Lula “colocou sua ideologia acima da economia”. A crítica ecoa argumentos da extrema-direita norte-americana, que têm vinculado o tarifaço ao julgamento de Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal e à aproximação do Brasil com países do Sul Global.

Tarcísio, apontado como sucessor natural do bolsonarismo para 2026, tenta descolar sua imagem do desgaste da família Bolsonaro, mas sua reação ao caso o posiciona como agente ideológico dos interesses externos.


Submissão disfarçada de pragmatismo

Para Haddad, a declaração de Tarcísio revela não apenas alinhamento automático com Washington, mas uma tentativa de normalizar a submissão diplomática. “O que se está pretendendo aqui? Ajoelhar diante de uma agressão unilateral sem nenhum fundamento econômico?”, questionou o ministro.

A retórica do governador, segundo Haddad, ignora o caráter político da decisão de Trump e fortalece a estratégia de intervenção estrangeira em assuntos internos brasileiros — especialmente no momento em que o ex-presidente Bolsonaro responde por tentativa de golpe de Estado.


Críticas internacionais expõem o blefe tarifário

A imposição tarifária de 50% sobre exportações brasileiras, como aço e produtos agrícolas, gerou perplexidade entre economistas e especialistas em comércio internacional. Paul Krugman, prêmio Nobel de Economia, apontou que o gesto “não tem justificativa técnica” e repete um padrão histórico de manipulação política da economia por parte dos EUA.

Já o ex-presidente do Banco Central, Alexandre Schwartsman, lembrou que Trump citou diretamente o julgamento de Bolsonaro como razão para a tarifa, revelando a natureza claramente retaliatória da medida.


Soberania ou servidão: o debate que define 2026

O embate entre Haddad e Tarcísio explicita os rumos da disputa política de 2026. De um lado, a defesa da soberania e da independência do Brasil frente a ataques externos. De outro, uma postura de acomodação que tenta responsabilizar o governo Lula por uma sanção imposta por motivações eleitorais e ideológicas.

Enquanto Lula costura reações diplomáticas e comerciais junto ao Mercosul e à União Europeia, setores do agronegócio e da indústria brasileira demonstram preocupação com os impactos da nova tarifa sobre empregos e competitividade.

A fala de Haddad reforça o posicionamento de um governo que busca preservar a autonomia do país — e desafia Tarcísio a sair da sombra de Bolsonaro e dos interesses estrangeiros.


O Diário Carioca Esclarece

  • Tarifa de 50%: imposta unilateralmente por Trump, afeta aço, alumínio e commodities brasileiras.
  • Origem do termo “vassalo”: refere-se, historicamente, a súditos que serviam senhores feudais com obediência e fidelidade.
  • Declaração de Tarcísio: feita em redes sociais, responsabilizando Lula pela crise comercial.
  • Contexto político: medida tarifária ocorre em meio ao julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.

FAQ (Perguntas Frequentes)

Por que Haddad chamou Tarcísio de “vassalo”?
Porque o governador adotou um discurso submisso à decisão unilateral de Trump contra o Brasil.

A tarifa tem base econômica?
Não. Economistas apontam motivação política, ligada ao julgamento de Bolsonaro.

Quem se beneficia com essa retórica?
Setores da extrema-direita que buscam desviar o foco da responsabilidade da família Bolsonaro.

JR Vital

JR Vital

JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.